ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 064: Gêneros, sexualidades e corpos plurais: abordagens antropológicas de práticas esportivas
Fazer-se homem: esportes, carnaval e sexualidade na periferia de Salvador
A proposta de comunicação apresenta um estudo etnográfico realizado junto a homens, moradores de bairros populares de Salvador, Bahia, que dedicam-se a duas diferentes práticas esportivas, ambas realizadas em espaços públicos. Tratam-se da Malhação de Rua e do Baba de Saia”. A malhação de rua é um treino de hipertrofia realizado com o auxílio de halteres artesanais e do uso de barras ginásticas, combinando carregamento e levantamento de peso com ginástica calistênica. O Baba de Saia, por sua vez, define um tipo de jogo de futebol, tradicionalmente realizado em feriados e datas festivas, no qual os praticantes vestem-se de mulher”. A proposta, aqui submetida, busca pensar estas duas práticas enquanto formas de fazer”/”produzir o jeito de corpo masculino e uma performance viril, tarefa que os homens empreendem entre diferentes gerações. As duas práticas são mobilizadas pelos interlocutores em temporalidades diferentes: a malhação ao longo de todo o ano e o baba de saia apenas nos festejos e ocasiões especiais. Diferem também na intensidade e motivação: A malhação de rua é concebida enquanto rotina disciplinada que atua na transformação não apenas da musculatura corporal, mas na mudança de status geracional e na elaboração da performance de gênero e sexualidade. Já o baba de saia é visto como uma festa futebolística realizada entre parceiros, festa de intima relação com o carnaval, na qual se consome grande quantidade cerveja ou vinho e se dança ao som do pagode baiano”. Diante disso, pode-se perguntar pelo papel que estas formas de sociabilidade assumem na produção das masculinidade na periferia de Salvador. O trabalho é fruto de uma etnografia realizada entre os anos de 2017 e 2023 em dois diferentes bairros da cidade de Salvador, Nordeste de Amaralina e Cajazeiras XXI, e está baseada no engajamento prático do pesquisador nas atividades pesquisadas, trabalho de campo, entrevistas semiestruturadas e uso do registro fotográfico. Por meio de diferentes técnicas corporais, exercícios práticos e rituais de sociabilidade, tanto a malhação de rua quanto o baba de saia produzem espaços urbanos generificados, atravessados por marcadores de geração, de classe social e de raça, nos quais determinadas noções de masculinidade podem ser vividas e aprendidas entre pares.