ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 057: Etnografias em contextos de violência, criminalização e encarceramento
Notas Etnográficas Sobre os Presos em Regime Semiaberto na Penitenciária de Florianópolis
O presente trabalho apresenta as primeiras aproximações de minha pesquisa de Mestrado em Antropologia Social ainda em desenvolvimento junto ao Laboratório Universitário de Política, Direitos, Conflitos e Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina (LUPA/UFSC). A pesquisa se justifica em função da situação dos complexos prisionais brasileiros, de precarização vinculada a processos de desumanização e marginalização dos presos, na qual se expressa uma distinção entre sujeitos de direito versus sujeitos negados (BUTLER, 2015). A pesquisa tem por objetivo analisar de que forma os presos em regime semiaberto da Penitenciária de Florianópolis (SC), localizada no bairro da Agronômica, se relacionam com as políticas de reintegração e ressocialização dessa instituição. Busco entender como os apenados vivem e organizam sentidos a partir dessas políticas, tendo em vista que os discursos acerca da ressocialização têm historicamente validado a prisão como a forma mais adequada de punição. Para tanto, tenho desenvolvido como pré-campo observações participantes presenciais, com a manutenção de caderno e diário de campo para o registro das minhas observações em audiências públicas, conferência de direitos humanos e manifestações que discutem a situação dos complexos prisionais em Santa Catarina. A pesquisa tem sua importância ressaltada pela urgência de estudar o campo das prisões na era do encarceramento em massa e da negação dos direitos humanos nos estabelecimentos prisionais. Considerando que, pesquisas antropológicas feitas em prisões vem crescendo e estabelecendo novas maneiras de se fazer etnografia a partir desse campo, compreendo que a presente pesquisa pode contribuir para essa área, a partir do diálogo com os escritos de Michel Misse (2016), Michel Foucault (1987), Loïc Wacquant (2001), Kant de Lima (2000) e Fernando Salla (2013).