Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 026: Antropologia, memória e eventos críticos
Preparação das pessoas frente aos eventos extremos de tempo e clima: reflexões a partir de uma pesquisa longitudinal nos desastres de São Luiz do Paraitinga e Nova Friburgo
O sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas indica a intensificação dos eventos extremos de tempo e clima, como os relacionados à temperatura e precipitação, tais como ondas de calor, secas e chuvas intensas. Esses eventos extremos, associados aos processos de intensificação da vulnerabilidade social no território, podem acarretar eventos críticos, como desastres associados a inundações e deslizamentos. Diante de um cenário de crise climática e social – acentuada pela pandemia da Covid-19 -, como desenvolver métodos e abordagens transdisciplinares que possam subsidiar a implementação de políticas públicas de preparação para eventos extremos de tempo e clima? Em busca de respostas a esta pergunta, o objetivo deste trabalho é analisar as práticas sociais de preparação frente a eventos extremos de tempo e clima. A partir de uma pesquisa longitudinal com os sobreviventes dos desastres de 2010 em São Luiz do Paraitinga(SP) e 2011 em Nova Friburgo(RJ), tem-se utilizado metodologias de pesquisa para análise das memórias sobre o evento crítico, como também de compreensão sobre os desafios de preparação frente aos futuros eventos críticos. Ao longo desta pesquisa longitudinal têm sido utilizados métodos de pesquisa social (etnografia, história oral, entrevistas, questionários e grupos focais) como também outros considerados participativos como cartografia social e maquetes interativas. A combinação desses diferentes métodos catalisou diversas formas de “falar sobre o desastre”, bem como de dialogar sobre as possíveis práticas de preparação frente a eventos críticos futuros. A pesquisa tem envolvido estudantes e professores (as) de Ensino Médio, estudantes de pós-graduação, agentes de defesa civil e representantes de organizações não-governamentais. Os estudantes de Ensino Médio têm sido envolvidos na aprendizagem de alguns desses métodos, a fim de que dialoguem com os sobreviventes dos desastres e se tornem jovens pesquisadores(as) que estudam sobre suas localidades, preparando-se para futuros desastres. Ao longo da pesquisa longitudinal é possível identificar mudanças e novos desafios no modo como as pessoas percebem e representam suas práticas de preparação frente aos desastres, sobretudo diante da emergência de novas tecnologias, redes sociais e indústria da desinformação.
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