ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
Reflexões sobre o consumo LGBTQIAP+ e suas implicações políticas
O trabalho tem como objetivo pensar nos espaços de sociabilidade LGBTQIAP+, como bares e baladas, na sua dimensão política, traçando paralelos com o movimento social, e nas "ações afirmativas" para a ampliação da ocupação desses espaços, como a criação da "lista T". Para isso, faz uma breve introdução à origem do movimento LGBTQIAP+ brasileiro e seus primeiros anos de atuação. Apontamos que, apesar do esforço para desvincular essas atividades, consideradas diferentes em sua própria essência, muitas vezes se fez política em espaços como bares e vice-versa. Um exemplo são as reuniões do grupo Somos, que, num período de muita repressão, serviram também como lugar de socialização entre os homossexuais e, em alguns casos, deixavam de ser frequentadas uma vez que os laços de amizades se formavam. Além disso, nota-se que, além da apropriação de um discurso politizado pelas empresas, há pontos em que a tentativa de consolidação da população LGBTQIAP+ enquanto consumidora e sua demanda por direitos civis se cruzam. Dessa forma, entende-se que os eventos e espaços de lazer voltados para esse público, como festas, bares e festivais - muitas vezes realizados com apoio de patrocinadores - possibilitam a constituição de um espaço seguro, onde também se faz política de diversas formas. Outras práticas de consumo de produtos voltados para pessoas LGBTQIAP+ também têm um papel na constituição da autoestima e das identidades pessoais e coletivas. Portanto, a demanda por lazer e consumo faz parte das reivindicações da comunidade, apesar das visões conflituosas dos militantes a respeito da sociedade de consumo e das práticas de mercado. Destacamos que muitas ações propostas por empresas que apelam para a promoção do "orgulho" deixam de promover acesso à oportunidades de lazer e trabalho para as comunidades mais marginalizadas. Propomos olhar, então, para algumas práticas de ações afirmativas para o consumo LGBTQIAP+, como a criação da "lista T", que incentiva a entrada gratuita de pessoas trans, travestis e não binárias em espaços de festa já muito frequentados por lésbicas, gays e bissexuais. Em suma, buscamos pensar a respeito da dimensão política do consumo e dos espaços de sociabilidade LGBTQIAP+, bem como nas suas relações com o movimento social organizado e seu discurso.