Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 063: Gênero, sexualidade e raça: produção de diferenças e desigualdades na cidade
Reflexões sobre o consumo LGBTQIAP+ e suas implicações políticas
O trabalho tem como objetivo pensar nos espaços de sociabilidade LGBTQIAP+, como bares e baladas, na sua
dimensão política, traçando paralelos com o movimento social, e nas "ações afirmativas" para a ampliação da
ocupação desses espaços, como a criação da "lista T". Para isso, faz uma breve introdução à origem do
movimento LGBTQIAP+ brasileiro e seus primeiros anos de atuação. Apontamos que, apesar do esforço para
desvincular essas atividades, consideradas diferentes em sua própria essência, muitas vezes se fez política
em espaços como bares e vice-versa. Um exemplo são as reuniões do grupo Somos, que, num período de muita
repressão, serviram também como lugar de socialização entre os homossexuais e, em alguns casos, deixavam de
ser frequentadas uma vez que os laços de amizades se formavam. Além disso, nota-se que, além da apropriação
de um discurso politizado pelas empresas, há pontos em que a tentativa de consolidação da população
LGBTQIAP+ enquanto consumidora e sua demanda por direitos civis se cruzam. Dessa forma, entende-se que os
eventos e espaços de lazer voltados para esse público, como festas, bares e festivais - muitas vezes
realizados com apoio de patrocinadores - possibilitam a constituição de um espaço seguro, onde também se faz
política de diversas formas. Outras práticas de consumo de produtos voltados para pessoas LGBTQIAP+ também
têm um papel na constituição da autoestima e das identidades pessoais e coletivas. Portanto, a demanda por
lazer e consumo faz parte das reivindicações da comunidade, apesar das visões conflituosas dos militantes a
respeito da sociedade de consumo e das práticas de mercado. Destacamos que muitas ações propostas por
empresas que apelam para a promoção do "orgulho" deixam de promover acesso à oportunidades de lazer e
trabalho para as comunidades mais marginalizadas. Propomos olhar, então, para algumas práticas de ações
afirmativas para o consumo LGBTQIAP+, como a criação da "lista T", que incentiva a entrada gratuita de
pessoas trans, travestis e não binárias em espaços de festa já muito frequentados por lésbicas, gays e
bissexuais. Em suma, buscamos pensar a respeito da dimensão política do consumo e dos espaços de
sociabilidade LGBTQIAP+, bem como nas suas relações com o movimento social organizado e seu discurso.