ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 015: Antropologia digital: experiências, transformações, desafios e dilemas
Relações família-escola-internet: produções adolescentes relacionadas a gênero e sexualidade no TikTok
Nas controvérsias recentes sobre gênero e sexualidade na educação básica, muito se tem discutido sobre o papel da família e da escola em tais esferas. Por um lado, conforme defendem agentes conservadores, seria papel exclusivo das famílias ensinar sobre saúde sexual e reprodutiva, bem como sobre normativas de gênero e orientação sexual. Assim, slogans como "meus filhos minhas regras", utilizado no Brasil por movimentos como o Escola Sem Partido, ou “con mis hijos no te metas”, amplamente utilizado por movimentos conservadores na América Latina, a família estaria contraposta à escola nesse processo educativo sobre gênero e sexualidade. Por outro lado, setores progressistas têm enfatizado o papel da escola e da educação formal ao reivindicar uma educação comprometida com a diversidade e os direitos humanos. O que, no entanto, pouco se tem discutido por tais agentes é o papel da internet entre crianças e adolescentes, delineando outros caminhos na produção e consumo sobre temáticas ligadas à gênero e sexualidade. Vale lembrar que, conforme a pesquisa Tic Kids Online Brasil 2023, 95% da população de 9 a 17 anos é usuária de Internet no país, o que representa 25 milhões de pessoas. O celular foi apontado como um dispositivo de acesso para 97% dos usuários, sendo o único meio de conexão boa parcela dos entrevistados (38% nas classes DE). Enquanto as conexões via televisão e videogame registraram expressivo aumento, o uso de computadores segue pouco acessível para as crianças e adolescentes de menor renda (apenas 15% das crianças das classes DE), evidenciando as intensas desigualdades digitais que atingem crianças e adolescentes no país, as quais se somam a outras desigualdades educacionais e sociais. Segundo a pesquisa, 88% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos disseram manter perfis em plataformas digitais. Entre as redes sociais, 88% tem acesso à plataforma de vídeos Youtube, 78% WhatsApp, 66% Instagram, 63% TikTok e 41% Facebook. Especialmente quando se olha a faixa de idade entre 11 e 12 anos, o Tiktok passa ser a rede preferida. Nesta apresentação, analiso produções realizadas por adolescentes na rede social TikTok sobre o cotidiano escolar, relacionado com gênero e sexualidade. Por meio do acompanhamento de algumas “trends relacionadas a estudantes de Ensino Fundamental II e Ensino Médio, trago uma discussão inicial sobre a produção de corpo, juventude, gênero e sexualidade em tal plataforma.