Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 031: Artes e crafts: composições, técnicas e trajetos criadores
Ativismos têxteis contemporâneos: uma cartografia de novas artes da política no Brasil
Esta comunicação visa apresentar resultados preliminares e caminhos de uma pesquisa que se dedica ao que é conhecido por ativismos têxteis contemporâneos no Brasil. As práticas dos coletivos têxteis podem ser sintetizadas no uso do tecido como forma de denúncia ou expressão política onde, geralmente, mulheres são as protagonistas; são elas quem fazem uma reapropriação estratégica do têxtil e do bordado, subvertendo concepções e estereótipos associados ao feminino. Se tais ativismos se fazem presentes na América Latina desde pelo menos as arpilleras chilenas - técnica de bordado realizada por mulheres que lutaram contra a ditadura de Augusto Pinochet no país, a partir de 1973 -, no Brasil, a atuação dos coletivos têxteis é bem mais recente e se dá de modo particular. Difundidos sobretudo nos anos 2000, no país tem destaque um conjunto de coletivos de mulheres que se identificam como “Linhas” – do Horizonte, de Sampa, do Rio etc. - coletivos que se dedicam à produção de panfletos bordados, produzidos com a intenção de serem distribuídos em espaços públicos (às vezes também produzidos no espaço público), com temáticas diversas associadas, em geral, às pautas de movimentos políticos de esquerda brasileiros.
Interessada em conhecer os coletivos e a compreender como atuam, a pesquisa se organiza em dois tempos. Em um primeiro, trata-se de realizar uma cartografia dos coletivos, de modo a pensar quem são, onde se localizam e o que fazem. Em um segundo, o objetivo é colocar o foco da atenção em questões levantadas por uma etnografia iniciada com o Linhas de Sampa, por exemplo, as relações entre política e cuidado, e expressão artística e ativismo político.
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