ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 035: Cidades e citadinidades: questões de Antropologia Urbana
Copa em movimento – sociabilidade de ajuntamento e produção imagética de cotidianos ritualizados
Esta comunicação busca alinhavar alguns paradigmas indiciários etnográficos que oferecem do ponto de vista imagético as relações insuspeitas entre espaço público, política como sistema cultural convencionalizante e o torcer como mecanismo expressivo ou gramática que performa uma “sociabilidade de ajuntamento”. Tomo três eventos, a saber: a 22a edição da Copa do mundo de futebol masculino e de espetáculo, as “esportivizadas e feéricas eleições presidenciais que se avizinhavam e que ocorreriam logo em seguida, naquele mesmo ano de 2022 e o velório de Pelé, ocorrido no dia 02 de janeiro de 2023 na cidade de Santos, na chave analógica das relações político-esportivizadas “quiasmáticas”, ou seja, situações relacionais em que as negociações de signos e equivocações semânticas entre planos simbólicos distintos entram no cálculo das disputas de senso comum por significados aparentemente óbvios, mas que transformam simbolizações convencionalizadas, tais como a mera adesão ao selecionado nacional, em experiências altamente relativizadas em significantes flutuantes e/ou diferenciantes. Pensando a noção de movimento em vários planos, e como um princípio ordenador da vida cotidiana, as impressões do país que desacelera em tempos de Copa do mundo e que produz ajuntamentos solidários numa efervescência coletiva, estão obviamente alinhavadas à alguma centralidade que aponta o futebol como esporte-nação, imagem que por muitas décadas foi creditada a essa modalidade esportiva no Brasil. Percepções de uma litigiosa cidadania ou citadinidade também podem ser discutidas a partir dessas formas analógicas de apropriação esportificada da cena política nacional e dos espaços públicos na contemporaneidade, cujos valores de uma sociabilidade em movimento produz seus efeitos espetacularizados, sobretudo na remodelagem político-performática presente nas formas aparentemente mais casuais de ajuntamentos pelas cidades.