Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 047: Elementos vitais: emaranhados socioambientais existenciais, reflexivos e expressivos na América Latina
"Diálogos sobre Reparação Ecológica: Comparando Diferentes Escalas e Emaranhados Existenciais"
Apreciar os emaranhados mais do que humanos intrínsecos nos mundos que habitamos envolve iluminar práticas de manutenção da vida através de atos sutis implicados em processos de reparo, cura, cuidado e reinvenção por humanos e não humanos dos ecossistemas, apesar das investidas contínuas e possivelmente evitáveis de colapso. Este trabalho é parte de uma investigação em andamento desde a pesquisa do doutorado (Souza, 2020), envolvendo o que, anteriormente, chamei de práticas de cuidado do solo. Formas alternativas de entender tanto as relações ecológicas quanto sua reparação passaram, desde então, por leituras adicionais que conduziram à noção de reparação ecológica. A expressão é multifacetada e remete a uma série de significados: reparações eco-sensíveis; reparações que respondam explicitamente à destruição ambiental, por exemplo, relacionadas a crimes ambientais; possibilidades de reparações transformativas; reparações eco-sociais como reparação de terras e recompensas monetárias; entre outras. A reparação é uma categoria heurística que deve abranger um conjunto de respostas das comunidades locais e das instituições às graves crises socioambientais que estão intimamente ligadas aos riscos climáticos e às ameaças constantes ao bem-estar das sociedades humanas e dos ecossistemas. Atenta aos seus variados sentidos práticos, o conceito de reparação ecológica amplia o campo de investigação sobre cuidados e ética ecológica, rumo a experiências envolvendo modos insurgentes e inventivos de conservação, reparo, cuidado e recuperação de ecologias mais do que humanas. Especialmente para fins deste GT, serão compartilhadas reflexões sobre alianças, sensibilidades, afetividades e relações materiais em diferentes escalas que articulam noções de natureza, sociedade e justiça. A partir de experiências e estudos que dialogam com essa discussão, a apresentação se propõe a repensar conceitos e práticas que podem ser necessários para reparar e remediar tanto ecologias danificadas quanto as desigualdades persistentes, de forma a apoiar o ressurgimento de iniciativas e práticas contra injustiças mais do que humanas.
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