ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 097: Sistema de justiça e a (re)produção da cultura jurídica brasileira
As encruzilhadas da Democracia: tensões entre a razão iluminista e a razão cismática na promoção dos direitos de cidadania e do reconhecimento.
O objetivo da proposta é problematizar - a partir de dados etnográficos produzidos ao longo dos últimos anos por um grupo de pesquisa da UFF (PPGA, NUFEP e o INCT/InEAC) - as tensões existentes entre a razão iluminista”, própria da modernidade factual e científica, e a razão cismática”, emergente no cenário global. Como apontamos em nossos trabalhos, a "razão cismática" tem impactado os alicerces de alguns aparatos básicos das Democracias modernas, tais como a confiança, a capacidade do estabelecimento de consensos provisórios e a orientação da ação pública orientada por justificações generalizáveis. Nesse sentido, o ato de cismar se difere substancialmente da ação de desconfiar. Um ponto central da hipótese levantada e tratada do ponto de vista etnográfico e antropológico, diz respeito a diferença entre atribuir um julgamento por meio dos critérios da confiança/desconfiança – que permite o estabelecimento de um canal comunicativo permeabilizado, viabilizando as passagens entre o gesto de confiar e/ou desconfiar a partir do procedimento de consertaçäo e negociação que podem culminar em consensos provisórios – e os desenvolvidos pela via da cisma – que produz uma ruptura comunicativa com o outro-diferente, impermeabilizando os canais comunicativos a partir do enquadramento do julgamento em celas do absolutismo das certezas. Para tanto, elegeremos alguns campos empíricos no Brasil e na França, locais nos quais desenvolvemos pesquisas etnográficas, para ilustrar e problematizar alguns aspectos das lógicas sociais e simbólicas do que denominamos de "razão cismática" de maneira a compreendermos alguns aspectos da contemporaneidade.