Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 097: Sistema de justiça e a (re)produção da cultura jurídica brasileira
As encruzilhadas da Democracia: tensões entre a razão iluminista e a razão cismática na promoção dos
direitos de cidadania e do reconhecimento.
O objetivo da proposta é problematizar - a partir de dados etnográficos produzidos ao longo dos últimos
anos por um grupo de pesquisa da UFF (PPGA, NUFEP e o INCT/InEAC) - as tensões existentes entre a razão
iluminista, própria da modernidade factual e científica, e a razão cismática, emergente no cenário global.
Como apontamos em nossos trabalhos, a "razão cismática" tem impactado os alicerces de alguns aparatos
básicos das Democracias modernas, tais como a confiança, a capacidade do estabelecimento de consensos
provisórios e a orientação da ação pública orientada por justificações generalizáveis. Nesse sentido, o ato
de cismar se difere substancialmente da ação de desconfiar. Um ponto central da hipótese levantada e tratada
do ponto de vista etnográfico e antropológico, diz respeito a diferença entre atribuir um julgamento por
meio dos critérios da confiança/desconfiança que permite o estabelecimento de um canal comunicativo
permeabilizado, viabilizando as passagens entre o gesto de confiar e/ou desconfiar a partir do procedimento
de consertaçäo e negociação que podem culminar em consensos provisórios e os desenvolvidos pela via da
cisma que produz uma ruptura comunicativa com o outro-diferente, impermeabilizando os canais comunicativos
a partir do enquadramento do julgamento em celas do absolutismo das certezas. Para tanto, elegeremos alguns
campos empíricos no Brasil e na França, locais nos quais desenvolvemos pesquisas etnográficas, para ilustrar
e problematizar alguns aspectos das lógicas sociais e simbólicas do que denominamos de "razão cismática" de
maneira a compreendermos alguns aspectos da contemporaneidade.
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