Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 029: Arquivos, coleções e objetos de arte: artefatos e invenções em perspectiva etnográfica
O que rege a vida dos objetos? Objetos de arte e fruições nativas no vale do catimbau - uma etnocartografia
A discussão das artes não-ocidentais tem sido cada vez mais abordada como imprescindível para uma melhor compreensão acerca das demais sociedades com uma inserção no debate antropológico onde a produção artística vem ganhando destaque desde a agência dos artefatos até a relação com a corporalidade e o ambiente. Com esse intuito adentramos as trilhas do Vale do Catimbau investigando as manifestações artísticas locais considerando o contexto ambiental, os grafismos rupestres e as expressões visuais contemporâneas na perspectiva das fruições nativas.
Entre o agreste e o sertão pernambucano encontra-se a Serra do Catimbau onde dois territórios são delimitados juridicamente: o Parque Nacional do Catimbau e a Terra Indígena Kapinawá. A região é conhecida pela presença de pinturas e gravuras rupestres datadas entre 6 mil até 800 anos AP. Os sítios arqueológicos apresentam um significativo conjunto iconográfico que, para além de representar vestígios da ocupação pré-colonial, expõe simbolismos apropriados a interpretações e expressões contemporâneas. Dos contatos interétnicos e intercâmbios culturais, emergem narrativas acerca do patrimônio cultural representado pela arte rupestre e pelas manifestações visuais nativas. Tal acervo expressa relevante importância para um estudo aprofundado no âmbito da antropologia da arte e se faz indispensável um olhar voltado aos seus aspectos singulares, a sua contextualização socioambiental e as expressões visuais do passado pré-colonial como significativa referência para os agrupamentos sociais da contemporaneidade. Com o propósito em testemunhar traduções e produções atualizadas de representações daquele sistema cultural.
A investigação opera na identificação, sistematização e articulação do complexo acervo de objetos de arte, agentes e fruições nativas expressivas no Vale do Catimbau. O método etnográfico com abordagem cartográfica se designa aplicável para o levantamento das distintas manifestações visuais encontradas na região. Os percursos trilhados envolvem tanto a arte rupestre quanto os objetos tradicionais e a produção artística e artesanal relativa ao povo Kapinawá e artesãs(ãos) motivados pelo fluxo turístico (ambiental e cultural) da Serra do Catimbau.
A pesquisa ainda busca testemunhar técnicas de produção assim como as distintas relações nos processos de criação, fruição, experiências estéticas e colecionamentos. O propósito é alia-se aos agentes sociais e engajar-se na difusão de seus objetos de arte aos quais compõem e acessam dimensões simbólicas e expressivas da cultura a qual estão vinculados. Ao dialogar acerca dos objetos de arte nativos, tratamos diretamente das emergências intrínsecas à experiência de criação e de compreensão do universo que os rege.
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