Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 030: Arranjos contemporâneos de parentalidades
Representações de infância enquanto tecnologias de governo e seu papel na tutela de crianças Warao em Porto Alegre
Há uma década se dá o início do processo de deslocamento forçado de indígenas da etnia Warao da Venezuela para o Brasil. Esse movimento vem ocasionando uma série de transformações significativas entre estes indígenas, na medida em que o contato com a sociedade brasileira se intensifica e novas problemáticas oriundas desta relação emergem. Concomitante a isso, uma série de conflitos de diferentes naturezas têm início na medida em que grupos Warao se dispersam pelo país. O presente trabalho corresponde a uma pesquisa em andamento que busca, neste sentido, dar enfoque ao conflito existente entre as instituições de proteção à criança e ao adolescente e os indígenas Warao em Porto Alegre. A escolha do tema se dá pelo interesse em elaborar reflexões em torno das representações de infância que aparentemente são mobilizadas enquanto tecnologias de governo para tutelar as crianças destes grupos e que, por consequência, se estendem a estas unidades domésticas como um todo, operando uma lógica semelhante à do poder tutelar exercido pelo Estado nacional sobre as populações indígenas. Com base no trabalho de campo etnográfico realizado junto à população Warao na cidade ao longo de quatro anos, o objetivo aqui é contrastar a representação de infância enraizada em duas instituições - a Fundação de Assistência Social (FASC) e o Conselho Tutelar - com as concepções de infância Warao, sem esquecer de suas transformações neste contexto de deslocamento forçado. Posicionando-se de forma estratégicamente interseccionada, buscamos estabelecer diálogos com autores da antropologia da infância, antropologia das instituições e também com a etnologia em sua abordagem mais processual.
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