ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 056: Etnografias do catolicismo: práticas, rituais, experiências e trajetórias em perspectiva
"Levanta o pau do Bastião": Disputas, agenciamentos e negociações do mastro de São Sebastião em uma cidade na Amazônia paraense
As festas do catolicismo popular produzem interações que transformam as experiências dos sujeitos, cujas conexões perpassam os imaginários, conflitos e controvérsias em torno da sua organização. A festa de São Sebastião, na cidade de Igarapé-Açu, nordeste paraense, não foge a esta regra, onde as relações de poder são negociadas e disputadas em torno da levantação do mastro em homenagem ao santo. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo compreender as dinâmicas de poder na levantação do mastro de São Sebastião, na Amazônia paraense. Dito de outro modo, busca-se analisar o que produz os conflitos na organização e no alteamento da árvore que homenageia o santo flechado. Para isso, o percurso teórico tem como base a etnografia, que longe de buscar uma estabilização, almeja analisar as instabilidades, conexões e controvérsias entre os sujeitos da festa católica. Além disso, utilizo também as entrevistas em profundidade com as pessoas que organizam e carregam o mastro, uma vez que as memórias da festa é figura central na composição do festejo. O mastro de São Sebastião é materializado em uma árvore intitulada quaruba-cedro, previamente escolhida pelos organizadores, com uma extensão de 20 metros e cerca de 8 a 12 toneladas, derrubada no início do mês de janeiro, e carregada nos ombros dos fiéis pelas ruas da cidade, banhado de muita bebida alcóolica, homenagens e jocosidades que envolvem a grossura, tamanho e envergadura do pau do santo”. Neste sentido, aponto que a organização, a carregada e a levantação do mastro auxilia no reconhecimento, distribuição e manutenção, em diversas escalas, de quem detém o poder na cidade, ao passo que novos/as agentes surgem, e tensões são (re)criadas em torno do madeiro. Em outras palavras, os conflitos que circunscrevem o mastro de São Sebastião são orquestrados a partir do reflexo das conexões e dinâmicas de poder construídas e disputadas sobre o município. E por fim, destaco que a festa católica em honra ao santo, serve como um fio condutor das controvérsias em busca de prestígio social, reconhecimento político e novas reconfigurações sociais.