Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 096: Sexualidade, gênero, raça e territorialidades: articulações, pertencimentos e direitos em disputa
Moda, Antropoceno e Racismo Ambiental no Sul Global
Apontamos o impacto da estética nas ciências duras. Argumentamos o papel desempenhado por imagens e
modos na definição, divisão e categorização realizadas a partir dos sentidos - particularmente da visão -
que redundaram em taxonomias baseadas em diferenças entre comuns. Como nos legou Mirzoeff - falando
especificamente das interpenetrações entre geologia, ciências naturais e racismos - é a partir disso que se
define, também, o que é humano e o que não é. Fanon é categórico "o negro não é um homem" (2008, p. 26).
Definimos como nosso objeto a Moda, açambarcando, inclusive, o caráter polissêmico do termo. Como Moda pode
ser fútil em um país onde a estética define quem vive e morre? Ademais, não existe modernidade sem
colonialidade e colonialidade sem racismo. Da moda, observamos o fast-fashion, produção acelerada de roupas
que se tornou uma das indústrias mais poluentes do mundo, responsável pelo grande aumento das zonas de
sacrifício, sobretudo onde vivem pessoas racializadas - devastadas ambiental e culturalmente (Niessen,
2020), como é o caso do gigante cemitério de roupas criado no deserto do Atacama, no Chile. É nesse ínterim
que inscrevemos em nosso debate algumas temporalidades complexas: o antropoceno, capitaloceno ou
platantioceno, processos antrópicos como forças geológicas, e, como contraponto, a vinculação entre
antropoceno e supremacia branca (Mirzoeff, 2018) e as potencialidades generativas do Chtuhuluceno de Donna
Haraway.
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