Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 104: Visualidades Indígenas
A fotografia indígena documental e a sua potência entre atos.
Partindo do ensaio fotográfico documental 15-05-2019 (r)existência, pretendo analisar a potência das
imagens quando registrado a luta de nós, estudantes indígenas dentro da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC-2019), também, discutir em que medidas esses registros fotográficos ou o ato fotográfico,
podem serem vistos como uma nova ferramenta de luta dentro do movimento indígena, e não apenas como um
material de registro histórico do momento em si. Esse trabalho de análise, também tem como objetivo refletir
sobre questões de estética e política na narrativa fotográfica documental, tentando entender como essas
reverberam nesse processo do fazer movimento social. Entendo que essa forma/linguagem fotográfica,
estabelece uma relação muito intima entre o fotografo, a câmera e o fotografado, pois é preciso que se tenha
essa aproximação com o outro (sujeito/agente) para que se possa captar para além das expressões, ou seja,
trazer para a fotografia não somente o olhar, sentimentos ou veracidade, mas sim a alma do retratado ou da
imagem. Pois observando os registros que fiz naquele dia, pude entender a expressão marcante nos rostos dos
agentes, pois os mesmos são fortes e nos remetem as grandes lutas de nossos ancestrais. Então, acredito que
consegui captar essa alma dos fotografados para o ensaio, pois os registros em primeiro plano, planos
abertos e outros em planos detalhe, fazem com que possamos olhar para dentro da imagem podendo ver as
múltiplas camadas presentes nela. Nesse sentido, considera-se que toda a fotografia tem sua história a qual
quando (re)visitada, nos faz ir e vir no tempo, quando olhamos o instante capturado, ele nos faz reviver
várias emoções, o que se aproxima de nossas oralidades quando começamos a memorar nossos pais, avôs e
familiares na luta por nossos territórios e tantas outras. Assim vejo que a fotografia tem o poder de
observar e somar na luta e resistência indígena, mas qual seria de fato seu papel? Para ajudar a essa
pergunta e compreender outros pontos mencionados, utilizarei autores como Georges Didi-Huberman, Michael
Freeman, Edigar Xakriabá, Etienne Samain, Sandra Benites, Alfred Gell e outros/as outores/ras que dialogam
com a fotografia e com a antropologia da imagem.