ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 004: Améfricas: retomadas na antropologia pelo pensamento indígena e da áfrica-diaspórica por meio de experimentos de linguagens e escritas contra-coloniais
“ENTÃO EU SOU UMA MULHER NEGRA MARAJOARA AMAZÔNIDA [...]”: debates sobre as categorias preta e parda entre mulheres da Amazônia Marajoara.
O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar os modos como três mulheres marajoaras, de diferentes contextos do arquipélago do Marajó (PA), produzem entendimentos sobre suas identificações raciais e de gênero enquanto mulheres pardas. Partindo do pressuposto de que a Amazônia Negra, em especial a Amazônia do Arquipélago do Marajó, é marcada por trajetórias diversas de negritude, trajetórias essas fortemente atravessadas pelas ideias de “pardo” (DAFLON, 2014), essa pesquisa propõe identificar e analisar o lugar ocupado por mulheres pardas nas relações de hierarquia raciais no contexto do Arquipélago do Marajó. As três protagonistas participam ou já participaram de projetos desenvolvidos pelo Observatório do Marajó que visavam potencializar políticas públicas para outras mulheres marajoaras. A partir do uso da experiência etnográfica, especificamente da etnografia virtual por meio da plataforma WhatsApp (MILLER, 2020) e da pesquisa de campo, desenvolvo os questionamentos a partir de conversas guiadas por perguntas que envolvam experiências de racismo e negritude. A ideia desta pesquisa é investigar como elas constroem entendimentos sobre ser negra com base em suas experiências, e como tais experiências possibilitam desenvolver a reflexão sobre a construção da negritude em contexto marajoara. As perguntas que direcionam a pesquisa foram formuladas a partir das problemáticas sobre raça e Identidade Social no Brasil; o papel das Ciências Sociais na construção e reformulação de discursos sobre mestiçagem; as direções escolhidas pelo IBGE para formular os censos demográficos, e as intersecções existentes entre identidade racial e território, sendo esta última a compreensão que elas mesmas têm de si a partir de vivências em suas comunidades com familiares, amigos, vizinhos entre outros agentes. Pude perceber o silenciamento de experiências é algo presente para elas, mas que ainda assim a partir daquilo que elas viveram, se afirmam enquanto negras a partir das noções de “coletividade” e “comunidade” ao se referenciaram às memórias de seus territórios.