Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 080: Ontologia e Linguagem: línguas indígenas, artes verbais e retomadas linguísticas
Artefatos indígenas e modalidades epistêmicas: relações intersemióticas e oralidade em línguas indígenas
A política linguística colonial para as línguas indígenas sempre teve como meta a redução dos idiomas
ameríndios à forma escrita, desde as gramáticas jesuíticas aos projetos de tradução da Bíblia pelo SIL,
passando pelos objetivos ambíguos da educação escolar e mesmo de iniciativas acadêmicas excessivamente
focadas no letramento como principal forma de transmissão linguística. O objetivo da apresentação é focar na
definição de línguas indígenas como línguas de oralidade (cf. SOUZA 2017) e discutir a importância de
recursos gramaticais como as modalidades epistêmicas em tal caracterização, por dizer respeito não apenas a
aspectos funcionais da língua, mas igualmente a questões cosmológicas e relativas à organização social. As
línguas de oralidade não se apoiam apenas na fala, mas em variadas formas de inscrição e memória. Assim,
gostaríamos de pensar elementos da cena enunciativa que exercem função epistêmica em apoio ao sistema
linguístico, como cachimbo, cocar e outros artefatos indígenas e não-indígenas, como o famoso caso do
gravador do Juruna, primeiro indígena eleito deputado federal.
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