ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 080: Ontologia e Linguagem: línguas indígenas, artes verbais e retomadas linguísticas
Artefatos indígenas e modalidades epistêmicas: relações intersemióticas e oralidade em línguas indígenas
A política linguística colonial para as línguas indígenas sempre teve como meta a redução dos idiomas ameríndios à forma escrita, desde as gramáticas jesuíticas aos projetos de tradução da Bíblia pelo SIL, passando pelos objetivos ambíguos da educação escolar e mesmo de iniciativas acadêmicas excessivamente focadas no letramento como principal forma de transmissão linguística. O objetivo da apresentação é focar na definição de línguas indígenas como línguas de oralidade (cf. SOUZA 2017) e discutir a importância de recursos gramaticais como as modalidades epistêmicas em tal caracterização, por dizer respeito não apenas a aspectos funcionais da língua, mas igualmente a questões cosmológicas e relativas à organização social. As línguas de oralidade não se apoiam apenas na fala, mas em variadas formas de inscrição e memória. Assim, gostaríamos de pensar elementos da cena enunciativa que exercem função epistêmica em apoio ao sistema linguístico, como cachimbo, cocar e outros artefatos indígenas e não-indígenas, como o famoso caso do gravador do Juruna, primeiro indígena eleito deputado federal.