Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 075: Mundos em performance: interfaces entre antropologia e arte
Tragédia como forma teatral e experiência na peça Antígona na Amazônia (Milo Rau/ NTGent & MST,
2023): um diálogo a partir da antropologia da performance
A presente comunicação tem o intuito de apresentar os primeiros movimentos da reflexão desenvolvida no
âmbito do estágio pós-doutoral que realizo junto ao departamento de antropologia da USP em 2024. O projeto
de pesquisa se propôs a analisar a dramaturgia e encenação da peça Antigone in the Amazon (Antígona na
Amazônia) e refletir sobre a tragédia enquanto forma teatral e experiência, tendo em vista a participação de
atores ativistas em cena. Na articulação entre o diretor belga Milo Rau conhecido por seu teatro
antropológico ou investigativo -, o MST e ativistas indígenas e quilombolas, a peça apresenta uma série de
questões para pensar as performances contemporâneas e conceitos fundamentais para os estudos da performance,
a exemplo da noção de experiência. Concordando com Schechner (2011) de que há muito o teatro vem se
antropologizando e a antropologia está sendo teatralizada, considero que pode ser bastante produtivo tomar
Antígona na Amazônia como uma forma de explorar esse diálogo. Embora o campo de estudos de performance tenha
um caminho consolidado e muitos balanços teóricos a respeito da relação entre antropologia e teatro tenham
sido feitos, de ambos os lados, entendo que a peça também reflete sobre os lugares do conhecimento
antropológico, teatral e do ativismo político diante da emergência climática e de um mundo que corre
rapidamente ao encontro do fim. Considerando o drama social da luta pela terra como tragédia da experiência
humana, a peça remete sua dramaturgia e encenação à forma do drama grego e ao processo ritual do trágico.
Enquanto experiência da tragédia, o drama social de ativistas Sem Terra, indígenas e quilombolas torna-se
local, específico, cotidiano, uma experiência que parece ser completada pela performance, como apontou
Dawsey (2005) com relação à noção de experiência para Turner. Esta comunicação pretende, portanto, explorar
as primeiras análises da dramaturgia e encenação de Antígona na Amazônia, buscando evidenciar a interlocução
da antropologia da performance com a obra.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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