ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Trabalho para Mesa Redonda
MR 61: Por uma antropologia da agroecologia: desafio urgente perante o Capitaloceno
Por uma antropologia da agroecologia como práticas insubmissas diante das políticas neoliberais
Propor um diálogo entre a antropologia e a agroecologia tem se mostrado caminho importante na trajetória de alguns antropólogos interessados em debater um campo tão significativo social e ambientalmente quanto a agroecologia. A agroecologia tem se destacado como tecnologia social e força propulsora para impactos positivos no que diz respeito aos grupos de populações tradicionais e indígenas, que, oprimidos historicamente pelas políticas neoliberais, resistiram e mantiveram tecnologias ancestrais de cuidado e manutenção da terra. Essa interseção de áreas de conhecimento é desafiante e ao mesmo tempo necessária nestes tempos de devastação e apropriação da natureza enquanto mercadorias. Em nossa apresentação, traremos algumas reflexões iniciais de cunho antropológico e alguns aportes teóricos, intentando dialogar com aspectos sociopolíticos, ambientais, biofísicos presentes nos estudos transdisciplinares do campo extenso em que a agroecologia se insere: as concepções de territórios sociais, proposta por Paul Little, abarcando as dimensões do Bem Viver tratadas por Aníbal Quijano e Alberto Acosta, assim como perspectivas descolonizadoras de Mbembe e Santos. Esses autores tratam, em certa medida, de possíveis construções desde ações contra-hegemônicas, ou seja, alternativas ao sistema neoliberal (este que representa a exclusão, desigualdade e opressão de muitos povos que trataremos ao longo do texto como à margem do sistema, com suas lutas e modos de existir invisibilizados por séculos). Ainda partindo como referencial teórico em relação ao tema da agroecologia, dialogaremos com Siliprandi, Caporal, Costabeber e Altieri para abrir o campo de reflexões transdisciplinares, e Tsing com sua perspectiva sobre as interações multiespécie.