Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 054: Etnografia da e na cidade: o viver no contexto urbano em suas formas sensíveis
O que é ser jovem na cidade de São Luís-MA? Relatos das juventudes em seus territórios.
Este texto busca refletir sobre a categoria juventudes a partir do ambiente escolar e suas
representações sobre a cidade. Compreender esse agrupamento se faz necessário para pensar nas questões
educacionais postas nesses tempos que se permeiam de caracterizações próprias, como ser um momento
pós-pandemia, de manifestação escancarada de pensamentos e grupos de extrema-direita, crises ambientais,
revisão de epistemologias da modernidade ocidental, estruturas de poder em movimento, as tecnologias e rede
de internet se colocando como importante território das mais variadas interações humanas, o individualismo
neoliberal se intensificando e um aprofundamento das desigualdades sociais. A ideia deste artigo nasce do
sentimento de angústia no trabalho docente, em que a visão de abismo entre estudantes e professorado
aumentam cada vez mais por uma incompreensão sobre os indivíduos com os quais estamos lidando em nosso
trabalho. A observação das vivências juvenis nos dá pistas para esse processo de compreensão, além de
proporcionar o entendimento de quais questões os permeiam e os afetam, por onde caminham em seu cotidiano e
assim como estão formulando suas identidades e culturas juvenis. Nesta pesquisa será utilizado o espaço
urbano como território de aprendizado e constituição de si próprios. Pela cidade, em seus bairros, na rua
realizam também trocas sociais e interações e assim vão gerando suas experiências e experimentações. Para
possibilitar a coleta de percepções utilizamos estratégias diversas para buscar uma aproximação maior das
subjetividades expressas pelos discentes. As percepções dos alunos e alunas foram retiradas de um processo
de 3 encontros em que no primeiro momento os jovens identificaram seu lugar de moradia por meio do
aplicativo Google Earth, para que aqui fossem reconhecidos seus bairros e fossem coletados alguns
comentários e expressão de sentimentos. No segundo momento foi realizada uma roda de conversa a qual propus
alguns questionamentos sobre a cidade de São Luís. E no terceiro momento os estudantes trouxeram imagens de
locais da cidade que lhes tocava de alguma forma, então pedi que eles me contassem as motivações de terem
escolhidos esses lugares. A escola aguarda o homogêneo, justamente o que as juventudes não podem oferecer
(CARRANO, 2005). Mas podem oferecer muitas outras coisas que só é possível compreender ao reconhecê-los e
entendê-los, como por exemplo possibilidades de transformação social. Os jovens são atores potentes que
tensionam fronteiras, buscando sutilmente novas vivências, que transgridam. São revisores de modos de
sociabilidades, e escutá-los é uma possível alternativa de enxergar outros mundos possíveis.
© 2024 Anais da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia - 34RBA
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