Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 094: Saberes Localizados, escritas de si e entre os seus: desafios político-teóricos e metodológicos nas práticas etnográficas
A filosofia Africana e as potencialidades das abordagens que recorrem a escrita de si no contexto da
pesquisa em educação
Na pesquisa qualitativa se tem agregado conhecimento e sentidos aos fatos estudados na
esteira da Ciências Sociais e Humanas fazendo com que a investigação, na área da
educação, possibilite problematizar e fomentar as discussões em torno do pertencimento dos
pesquisadores, ao locus investigativo e a importância da utilização de sua subjetividade como
perspectiva metodológica para análise de dados. Para tanto, se tem exigido um processo de
familiaridade/estranhamento onde se faz uso das impressões pessoais para refletir ao
mesmo tempo, o papel de investigador e de participante da pesquisa, pautando-se em
um engajamento que ao perpassar a experiência e a vivência no terreno da coletividade,
contextualiza a cultura do grupo social de imersão. Nesse âmbito, a metodologia
rotulada autoetnográfica permeia o estudo, servindo de bússola para as análises e
interpretações dos dados gerados. Essa abordagem converge para uma postura
autoreflexiva que, como ferramenta de prática, permite a valoração da subjetividade do
pesquisador/participante ao levar em consideração seus valores e saberes. Ao utiliza-la
o pesquisador anseia à uma descolonização acadêmica marcada pela busca de uma
abertura ampla ao conhecimento, em um exercício que torna possível uma autonomia na
escrita oferecendo uma sobreposição/neutralização do gênero científico-literário típico
da modernidade que, sob a perspectiva de uma cultura dominante, impôs seus aspectos
eurocêntricos, hegemônicos, onde a subjetividade do pesquisador é irrelevante e,
portanto, são desconsideradas nas práticas de análise e nas práticas discursivas das
pesquisas, inclusive as de cunho qualitativo. Defendo que na investigação na área da
Educação, assim como na Antropologia, a relação de uma pessoa com o saber exige um
entrelaçamento de si própria com o outro e uma abertura a um mundo social no qual, o
pesquisador, ocupa posições das quais ele é elemento ativo, permitindo deitar o olhar a
influência da própria subjetividade para a operacionalização da pesquisa.
Palavras-Chave: Racismo religioso; Educação; Autoetnografia.
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