ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 094: Saberes Localizados, escritas de si e entre os seus: desafios político-teóricos e metodológicos nas práticas etnográficas
A filosofia Africana e as potencialidades das abordagens que recorrem a escrita de si no contexto da pesquisa em educação
Na pesquisa qualitativa se tem agregado conhecimento e sentidos aos fatos estudados na esteira da Ciências Sociais e Humanas fazendo com que a investigação, na área da educação, possibilite problematizar e fomentar as discussões em torno do pertencimento dos pesquisadores, ao locus investigativo e a importância da utilização de sua subjetividade como perspectiva metodológica para análise de dados. Para tanto, se tem exigido um processo de familiaridade/estranhamento onde se faz uso das impressões pessoais para refletir ao mesmo tempo, o papel de investigador e de participante da pesquisa, pautando-se em um engajamento que ao perpassar a experiência e a vivência no terreno da coletividade, contextualiza a cultura do grupo social de imersão. Nesse âmbito, a metodologia rotulada autoetnográfica permeia o estudo, servindo de bússola para as análises e interpretações dos dados gerados. Essa abordagem converge para uma postura autoreflexiva que, como ferramenta de prática, permite a valoração da subjetividade do pesquisador/participante ao levar em consideração seus valores e saberes. Ao utiliza-la o pesquisador anseia à uma descolonização acadêmica marcada pela busca de uma abertura ampla ao conhecimento, em um exercício que torna possível uma autonomia na escrita oferecendo uma sobreposição/neutralização do gênero científico-literário típico da modernidade que, sob a perspectiva de uma cultura dominante, impôs seus aspectos eurocêntricos, hegemônicos, onde a subjetividade do pesquisador é irrelevante e, portanto, são desconsideradas nas práticas de análise e nas práticas discursivas das pesquisas, inclusive as de cunho qualitativo. Defendo que na investigação na área da Educação, assim como na Antropologia, a relação de uma pessoa com o saber exige um entrelaçamento de si própria com o outro e uma abertura a um mundo social no qual, o pesquisador, ocupa posições das quais ele é elemento ativo, permitindo deitar o olhar a influência da própria subjetividade para a operacionalização da pesquisa. Palavras-Chave: Racismo religioso; Educação; Autoetnografia.