ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 094: Saberes Localizados, escritas de si e entre os seus: desafios político-teóricos e metodológicos nas práticas etnográficas
Mulheres negras, famílias e trabalho subalterno: práticas etnográficas a partir de um olhar de dentro”
Este trabalho propõe refletir sobre a realidade social de mulheres negras que experenciaram em suas vivências o trabalho subalterno, no qual a família tende a apresentar-se enquanto uma instituição que naturaliza e reproduz eixos de subordinação, repercutindo nas subjetividades desses sujeitos e no seu assujeitamento em diversas instâncias da vida, dentre elas, no mundo do trabalho. Esta proposta é um desdobramento da minha pesquisa de dissertação, uma pesquisa etnográfica, centrada na análise de histórias de vidas de três mulheres negras residentes de Rio das Ostras (cidade da baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro), com idade entre 55 e 69 anos e que em comum possuem trajetórias marcadas por diversos tipos de violências e relação com o trabalho doméstico (infantil), função que, historicamente, materializa a subordinação de gênero, raça e classe de modo imbricado. Destaco ainda que em minha pesquisa uma das pesquisadas trata-se da minha mãe, sendo, portanto, a minha família etnografada. Nesse contexto, eu, enquanto mulher negra da classe trabalhadora, filha de ex-trabalhadora doméstica, que geralmente seria lida apenas enquanto objeto de conhecimento, venho ocupando espaço na academia (tal qual outros grupos marginalizados), enquanto pesquisadora, desenvolvendo esta pesquisa a partir de um lugar proximidade, não alheia ou externa ao campo, mas enquanto um sujeito que teve a vida condicionada por eixos de subordinação de gênero, raça e classe e que observou de perto o contexto de exploração e opressões que incidiam sobre familiares e pessoas do meu ciclo social. Por fim, embaso-me epistemologicamente na teoria crítica do feminismo negro, na teoria decolonial e interseccional. Palavras-chave: interseccionalidade, trabalho subalterno, família, práticas etnográficas.