Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 030: Arranjos contemporâneos de parentalidades
"Não vai ter filho agora, hein? Maternidade e vida acadêmica: entre desafios cotidianos e constrangimentos institucionais
Este trabalho tem como objetivo analisar os desafios encontrados por mães estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo no que se refere a conciliação entre as atividades de cuidado e estudos diante da insuficiência de suporte estatal e de serviços oferecidos pela própria universidade e conferindo especial destaque aos constrangimentos institucionais observados ao longo de um trabalho de observação de inspiração etnográfica. Esta proposta se inspira em um conjunto de situações observadas pelas autoras enquanto estudante e professora universitárias, a segunda também mãe, e que apontam para os constrangimentos institucionais vivenciados por estudantes mães e seus dilemas em torno da conciliação entre os estudos, o trabalho e o cuidado e que se somarão às diferentes dimensões que atravessam a condição de sobrecarga materna. Esta proposta, portanto, se utiliza de dados de observação de inspiração etnográfica, de dados coletados ao longo de uma pesquisa etnográfica digital, via whatsapp, e de relatos de membros do coletivo Parentalidades quanto às suas vivências e embates no contexto acadêmico. No plano teórico, esse trabalho se inspira no debate da Desigualdade Sexual do Trabalho e na Teoria da Reprodução Social, que fazem o esforço de expor como são dadas as desigualdades entre homens e mulheres no que tange o trabalho do cuidado e esclarecer como esses desafios e desigualdades se organizam em prol da manutenção do sistema capitalista. A Teoria da Reprodução Social reconhece a reprodução como aspecto central ao processo produtivo, enquanto atividade de reposição da força de trabalho. A desqualificação e invisibilização destas atividades de cuidado estão relacionadas a um sistema de exclusão das mulheres, historicamente as principais responsáveis por realizá-las, dada a ausência de um aparato coletivo, na contemporaneidade, que culmina na exclusão das crianças e seus cuidadores de diferentes contextos sociais. Destacaremos o papel de uma série de constrangimentos institucionais que incidem negativamente sobre as experiências parentais, sobretudo de mulheres estudantes que são as cuidadoras principais de seus filhos no contexto acadêmico entre mulheres estudantes que são as cuidadoras principais de seus filhos, bem como os esforços de mobilização, igualmente restritos em função dos desafios de conciliação entre as atividades de cuidado e de estudos.
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