ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 028: Antropologias e Deficiência: etnografias disruptivas e perspectivas analíticas contemporâneas
Etnografia sobre violência contra mulheres defiças
Os estudos sobre deficiência, no Brasil, têm tido avanços significativos no campo antropológico. A contribuição da antropologia, vem dando visibilidade para que contornos específicos sobre corpos de pessoas defiças sejam evidenciados, questionados e enfrentados. Dentro dessas especificidades, há as experiências das mulheres defiças, que são marcadas por trajetórias e percursos de vidas atravessadas pelas intersecções do capacitismo e da desigualdade de gênero. Contudo, o aprofundamento das análises dessas interseccionalidades, revelam a urgência de pautar a violência contra mulheres defiças. A partir do método etnográfico, desenvolvo ferramentas para dar notoriedade às narrativas de nós, mulheres defiças, do estado de Alagoas. Propondo questionar quais os impactos dessas violências, bem como compreender como essas intersecções se tornam nocivas a corpos específicos. Tenho como hipótese que o ponto de vista biomédico, ao definir e estabelecer a leitura social de que as pessoas com deficiência são hierarquicamente inferiores, incapazes, anormais, desumanizando nossos corpos, ao mesmo tempo em que nega nossa autonomia, desejos, anseios, necessidades de socialização e respeito. A invisibilização dessas violências prejudica o desenvolvimento de políticas públicas que abordem de maneira integrada o capacitismo e a violência de gênero. Torna-se crucial discutir as particularidades das mulheres com deficiência e promover a produção de dados empíricos, partindo da premissa de que, em geral, estamos mais suscetíveis à abrangentes violências, devido à dupla vulnerabilidade fomentada pelo capacitismo e pelo patriarcado.