ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Apresentação Oral em Grupo de Trabalho
GT 098: Som, música e eventos: experimentações etnográficas
“Ratos de Porão tem nada a ver com Charlie Brown Jr.”: o movimento underground de Toledo entre associações e dissociações
Este trabalho busca apresentar a cena underground de Toledo – PR, local no qual estudei junto a seus membros e produzi minha dissertação. Aqui, minha proposta é demonstrar como a cena tomou sua forma, como ela veio a ser o que era por meio dos relatos de algumas de suas membras e membros, acentuando tal formatação a partir das trajetórias de vida destas pessoas. Assim, buscou-se objetivar os processos de associações e dissociações tendo em vista os processos de identificação e comunitarização tendo a música como sua agente, o que fica explícito em minha formulação de “comunidades musicalmente motivadas”. Propus entrevistas de longa duração com as pessoas que dela participam em momentos diferentes, nas quais perguntei sobre suas experiências enquanto frequentadoras das cenas regional e nacional, enquanto organizadoras de eventos e shows, fãs, artistas; enfim, pessoas que têm sua trajetória aterrada às comunidades musicais. Junto à apresentação destas trajetórias, busco apresentar a cena underground de Toledo e o processo pelo qual passou até chegar à sua formatação atual que é o coletivo Subversa. Os coletivos são a forma pela qual a comunidade musical é objetivada pelas próprias participantes; então, considero importante sua compreensão para acionar as formas como o underground é manifesto pela e a partir da comunidade de praticantes. É importante perceber que o underground é distintivo para quem tem a sensibilidade (pensando no sensível de Bourdieu) de reconhecer o underground. Para quem veste uma camiseta dos Beatles ou do Iron Maiden no dia-a-dia poderia muito bem imaginar-se como membro da “comunidade rockeira” de Toledo. Agora, para a comunidade de praticantes do underground, usar estas camisetas são sinais diacríticos que manifestam, na realidade, a não participação; afinal, se Charlie Brown Jr. tem nada a ver com Ratos de Porão, Beatles e Iron Maiden têm menos a ver ainda.