ISBN: 978-65-87289-36-6 | Redes sociais da ABA:
Simpósio Especial (SE)
SE 23: Territórios quilombolas, reconexões e reconstrução dos modos de vida
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Coordenação:
Aderval Costa Filho (UFMG)
Raquel Mombelli (aba)

Sessão 1

Participante(s):
Edna Correia de Oliveira (Presidenta da Federação N'Golo")
Juliene Pereira dos Santos (UFOPA)
Sérgio Góes Telles Brissac (Ministério Público Federal)
Debatedor(a):
Aderval Costa Filho (UFMG)

Sessão 2

Participante(s):
Luzinete Serafim Blandino (ES)
Osvaldo Martins de Oliveira (UFES)
Simony Jesus (Pitagoras)
Debatedor(a):
Emmanuel de Almeida Farias Junior (UEMA)

Sessão 3 - Roda de Conversa

Participante(s):
Aderval Costa Filho (UFMG)
Edna Correia de Oliveira (Presidenta da Federação N'Golo")
Luzinete Serafim Blandino (ES)
Sérgio Góes Telles Brissac (Ministério Público Federal)
Simony Jesus (Pitagoras)
Debatedor(a):
Raquel Mombelli (aba)

Resumo:
O Simpósio Especial pretende refletir sobre as formas de resistência produzidas pelas diferentes comunidades quilombolas do país diante da perspectiva modernizadora e desenvolvimentista adotada pelo Estado brasileiro que tem resultado em diferentes impactos sobre os territórios e comprometido as possibilidades de reprodução de modos de vida nestes lugares. Apesar do processo de redemocratização em curso no atual governo, o cenário ainda é marcado por retrocessos no campo dos direitos, desmonte de órgãos e políticas de proteção e paralisação dos processos de regularização fundiária. Soma-se a isso os efeitos causados pelo acelerado processo de mudanças climáticas, que tem potencializado a desigualdade social, a injustiça fundiária, o racismo ambiental, a precarização dos modos tradicionais de vida, entre outros. Ademais, registra-se o enfrentamento de diferentes ordens de conflitos socioterritoriais decorrentes da implementação de projetos de desenvolvimento nos territórios, desastres sociotécnicos e medidas administrativas que tem desconsiderado e desrespeitado direitos constitucionais assegurados. Pretende-se neste espaço promover o diálogo entre a produção antropológica, diferentes ativismos, movimentos sociais e estratégias de proteção de modos de vida e permanência nos territórios, além de identificar ações de enfrentamento às mudanças climáticas e aos movimentos pelo fortalecimento, defesa, reconstrução de modos de vida e reconexões com os territórios.

Trabalho para SE - Simpósio Especial
Memórias e saberes na defesa de territórios quilombolas
Osvaldo Martins de Oliveira (UFES)
Resumo: O objetivo deste texto é debater o trabalho da memória e a transmissão de saberes para a construção e defesa dos territórios quilombolas em diferentes comunidades da região norte do estado do Espírito Santo, em especial as comunidades de Degredo (município de Linhares) e São Domingos, Córrego do Alexandre, Roda D'Água e Porto Grande (município de Conceição da Barra). Para defender seus territórios, tenho verificado em pesquisas, que essas comunidades têm enfrentado conflitos com grandes projetos e interesses relacionados à crimes e desastres ambientais, cultivos de monocultura de eucaliptos em grande escala, extração de petróleo, gasodutos, redes de transmissão de energia elétrica, construção de rodovias e, o mais recente, um mega projeto de extração de sal gema no subsolo dos territórios de comunidades quilombolas de Conceição da Barra. Para enfrentar as ameaças provenientes desses grandes empreendimentos, as lideranças dessas comunidades têm enviado seus filhos e filhas para acessarem os saberes escolares, incluindo o universitário em nível de graduação e pós-graduação, e, ao mesmo tempo, retomado memórias e saberes que valorizem suas tradições. Por isso, atribuem nomes de seus ancestrais às suas associações comunitárias, como é o caso do nome de Atalino Leite na Associação Quilombola e de Pescadores de Degredo; grupos culturais, como se verifica no Reis de Boi Tião de Véio, em Porto Grande; escolas, como se verifica na escola Mário Florentino em São Domingos; e estampam versos deixados por seus avós, como se verifica na camiseta do grupo de Jongo Nossa Senhora Aparecida de Córrego do Alexandre, onde se pode ler verso que atribuem a autoria ao mestre Acendino. Valorizar os saberes tradicionais e escolares é uma forma de combinar o passado com o presente para conhecer e assegurar o direito ao território e um lugar para seus filhos e netos no futuro. Palavras-chave: Memória; Quilombo; Território; Grandes Projetos.