Redes sociais da ABA:
GT 053. Políticas patrimoniais, conservadorismo político e os novos desafios da antropologia
Apresentação Oral em GT
Larissa Maria de Almeida Guimarães
Saber antropológico, agenciamentos e representações do patrimônio cultural imaterial em Belém (PA) e Boa Vista (RR)
Partindo da discussão sobre o papel do Estado em relação ao Patrimônio Imaterial, busca-se averiguar possibilidades analíticas, construções narrativas, legitimação de discursos institucionais e suprainstitucionais, em torno do que é descrito como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), através de sua Superintendência no Pará (IPHAN/PA), e pelo órgão municipal de cultura do município de Boa Vista/RR (Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura – FETEC). Da episteme institucional(izada), vislumbra-se o desenvolvimento de um léxico que visa a construção e consolidação de políticas públicas na área cultural a partir de demandas tanto internas quanto externas, por vezes de forma complementar e transversal, por outras de forma vertical e informativa; o campo de atuação institucional seleciona algumas demandas e expectativas de grupos e coletivos particulares. A emergência de novos agenciamentos, a partir do recorte de “bem cultural” no campo das experiências, é delineada na atuação contínua e participação direta de agentes reconhecidos por governos em diferentes esferas, no esforço dinâmico de “construção imaginária” do patrimônio local/regional. O papel da(o) antropóloga(o) como agente do Estado vai se desenhando enquanto agente oficial para a execução de política institucional, como também se insere em agendas locais e estabelece diálogos visando a inserção da sociedade civil organizada nesta estrutura. A institucionalização de sujeitos e agentes sociais para dialogarem e participarem mais diretamente das pautas geradas pela instrumentalização da política de reconhecimento, valorização, promoção e sustentabilidade de bens culturais acautelados e/ou identificados, é um movimento nacional e uma das principais formas de acesso às políticas públicas de fomento. Ao mesmo tempo, o outro lado da política aponta para os desdobramentos em torno de categorias, conceitos e noções basilares das Ciências Humanas e Sociais, como Espaço, Religião, Corpo, Rituais, Festas, entre outras, que são (re)pensados sob a ótica das noções nativas que dão “forma e conteúdo” à política pública no campo do patrimônio. Proponho discutir a abordagem do Estado em torno do patrimônio imaterial(izado), na atuação da(o) antropóloga(o) enquanto agente-mediador de ‘processos de construção’ dos bens culturais no município de Belém/PA, através do Inventário Nacional de Referências Culturais do Centro Histórico de Belém (2010), e no município de Boa Vista/RR, com a análise do Inventário do Patrimônio Cultural de Boa Vista (2011), dois documentos oficias referenciais que visam a construção de bens culturais locais no campo político de representação das cidades e seus citadinos.