Redes sociais da ABA:
GT 029. Culturas populares, rituais, festas e sujeitos em performance: diversidade sexual, racial e de gênero
Apresentação Oral em GT
Vinícius Pedro Correia Zanoli
“Por uma Cultura LGBT, Negra e Periférica”: (re)produzindo, (re)escrevendo e disputando “culturas” e “identidades”
Esta proposta resulta de pesquisa preocupada com a circulação de convenções, vocabulários, repertórios, e tecnologias de atuação entre movimentos sociais e como essa articulação opera na constituição de sujeitos políticos em grupos que atuam a partir da coalizão de movimentos sociais. A discussão se faz a partir de uma organização que conecta os campos do Movimento LGBT, do Movimento Negro, dos Movimentos Culturais de Periferia, do Movimento Hip-Hop, do Movimento Sindical, dentre outros. Trata-se do Aos Brados, um grupo ativista que discute questões relacionadas à juventude LGBT negra e da periferia. O grupo surgiu em 1998, em Campinas, no interior de São Paulo, a partir de uma cisão do Identidade, o coletivo LGBT mais antigo ainda em atividade na cidade. Campinas é, sede de uma região metropolitana e dista pouco mais de cem quilômetros da capital do estado, tem mais de um milhão de habitantes e conta com a primeira política pública a oferecer assistência social, jurídica e psicológica para LGBT do Brasil, o Centro de Referência LGBT, fruto da interlocução entre movimento LGBT e governo municipal. Desde 2008, o grupo vem atuando no que seus ativistas chamam de “atividades culturais”. Segundo os membros Aos Brados, tais atividades – compostas por uma série de “apresentações artísticas e culturais” – congregam o que seria a “Cultura Negra”, a “Cultura LGBT” e a “Cultura da Periferia”, produzindo assim, uma “Cultura LGBT, Negra e Periférica”. Essas atividades acontecem durante todo o ano e ocupam distintos espaços da cidade, como praças associadas à sociabilidade LGBT, casas de cultura afro-brasileiras, e casas de cultura associadas ao movimento Hip-Hop local. Além de serem realizadas em eventos organizados pelo próprio Aos Brados, as apresentações dos artistas ligados ao grupo são levadas também a atividades de outros movimentos sociais, como saraus de mulheres negras, saraus de artistas periféricas e atividades do Mês das Diversidade Sexual de Campinas. Nesta apresentação, procuro lançar o olhar para as performances realizadas nessas atividades. Para além de compreender o que os membros do grupo entendem como sendo “Cultura Negra”, “Cultura LGBT” e “Cultura da Periferia”, argumento que a produção do que seria uma “Cultura LGBT Negra e da Periferia” é um processo de desidentificação (disidentification) como proposto por José Esteban Muñoz, no qual, os sujeitos aqui analisados (re)produzem, (re)escrevem e disputam significados associados ao que seriam culturas e identidades negras, LGBT e periféricas. Por fim, busco demonstrar como esse processo é resultado da própria circulação do grupo entre distintos movimentos sociais, principalmente grupos do movimento negro.