GT 029. Culturas populares, rituais, festas e sujeitos em performance: diversidade sexual, racial e de gênero
Apresentação Oral em GT
Bruno Ribeiro Ferreira
“De suor, close e movimento”: a cena preta LGBT de São Paulo e sua construção a partir de festas politicamente engajadas
Nos últimos anos, é notável a emergência de uma nova cena político-cultural, por meio da ressignificação de estéticas e estilos relacionados à cultura negra e à mobilização do corpo como elemento central de novos modos de “fazer política”. Forjados no interior das festas pretas LGBTs, estas novas formas de atuação impactaram de modo significativo movimentos sociais e outros conjuntos de festas e produções culturais na cidade de São Paulo, possibilitando a constituição e o fortalecimento de determinados sujeitos políticos — como o da “bicha preta”— e de carreiras profissionais e/ou ativistas com notável visibilidade na internet e nos espaços de sociabilidade negra e LGBT. Assim, pretendo compartilhar notas etnográficas e considerações preliminares dos meus primeiros meses de pesquisa de campo de mestrado, em andamento, cujo objetivo é aprofundar a compreensão acerca da relação entre festa e ativismo, a partir das categorias de diferenciação que conformam a “cena preta LGBT” na cidade de São Paulo, tendo como objeto empírico festas organizadas por e para um público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e trans/travesti) negro, as festas Batekoo SP e Festa Amem.
Mais especificamente, pretendo explorar a relação entre estética, produção cultural e política nesta cena, como também construir notas com descrições sobre a história das festas, a estrutura de organização dos eventos, a produção e circulação de categorias, os sets musicais (sobretudo funk, raggae, pop music, kuduru, dancehall e afrobeat), as batalhas de dança (no caso desta pesquisa, batalhas de vogue, twerk e de “bate tranças”) e a relação entre as festas e um conjunto de iniciativas de sociabilidades para negros LGBTs mais amplo, com conexões nacionais e internacionais. Para isso, desenvolverei uma reflexão acerca da cena preta LGBT de São Paulo, a partir dos entrecruzamentos dos marcadores de raça, gênero, classe e sexualidade, utilizando como marco teórico produções antropológicas que se debruçaram sobre sociabilidade e sexualidades no campo de diversidade sexual e de gênero, como também estudos largamente chamados de interseccionalidades. Vale notar, que esta pesquisa se baseia no método etnográfico, compreendendo work de campo on-line e off-line, e pesquisa documental (material de divulgação das festas; reportagens na mídia, notas públicas), complementada com entrevistas semiestruturadas.