Redes sociais da ABA:
GT 029. Culturas populares, rituais, festas e sujeitos em performance: diversidade sexual, racial e de gênero
Apresentação Oral em GT
Sandra Hortencio dos Santos Cordeiro
Viva o Glorioso São Benedito! A festa como espaço de não esquecimento de uma irmandade negra em Maceió-AL.
O assunto que proponho discutir é a festa em homenagem a São Benedito que ocorre no bairro do Centro em Maceió-AL. Uma tradição que tem sua origem quando a Irmandade de São Benedito dos Pretos, organizada por africanos e seus descendentes, finalizou a construção da Igreja do Glorioso São Bendito no ano de 1893. As irmandades eram organizações de leigos católicos que surgiram na Europa e se espalharam no Brasil no período colonial, era de sua responsabilidade amparar as necessidades materiais e espirituais dos associados, além de construir, manter e celebrar o culto do santo escolhido como representante confraria. A data da festa não é fixa, ocorrendo entre outubro e dezembro. Nos nove dias de festa ocorrem: a “descida do santo”; o leilão de doces e salgados; medição da fita; preparo e distribuição de uma e feijoada; procissão e “subida do santo”. A festa mobiliza elementos da memória e da identidade dessa comunidade A pesquisa é pertinente dentro da antropologia, pois revela um grupo historicamente silenciado e que se mantém funcionando mesmo a contragosto da Igreja e sua documentação histórica. Além disso, a pesquisa justifica-se pela carência de pesquisas sobre as Irmandades Religiosas de Pretos existentes em Alagoas. Ela também colabora com as discussões sobre os conceitos de festa e ritual. A igreja de São Benedito está localizada numa área de tombamento, contudo, numa pesquisa feita nos sites do IPHAN e da Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas, constatou-se que a mesma não está incluída na lista de bens tombados, dando abertura para a violação do patrimônio material, como a exemplo da violação das urnas funerárias, fato que presenciei durante a pesquisa do work de conclusão de curso. Portanto, a pesquisa produzirá informações relevantes para uma possível produção de políticas públicas de salvaguarda do patrimônio material e imaterial dessa manifestação comunitária e religiosa. Em como poderá proporciona novas possibilidades para a pesquisa do afro-alagoano campo vastamente estudado nos campos de religiões de matriz africana e dos seus folguedos.