Redes sociais da ABA:
GT 029. Culturas populares, rituais, festas e sujeitos em performance: diversidade sexual, racial e de gênero
Apresentação Oral em GT
Líliam Cristina Barros Cohen
Pelos caminhos do 21 – encontros intersemióticos da memória
Neste work pretendo apresentar os elementos formadores das performances realizadas em três works de minha autoria com co-autoria do compositor Marcos Cohen: “21”; “Eco do Sentido” e “Fotografia e memória no 21”. Os três works conduzem uma busca no processo de auto-etnografia e etnografia da memória de uma localidade denominada Travessa Anita Garibaldi, mais conhecido como KM 21, da estrada Castanhal-Terra-Alta, Pará, local de origem de minha família, onde cresci e onde reside parte de parentes. As duas primeiras obras integram texto, fotografia, música e performance musical, a saber, o livro “21” foi escrito em forma de contos a partir de memórias de minha família, musicados para piano e clarineta, pelo compositor Marcos Cohen; a coletânea de poesias “Eco do Sentido” também foi escrita por mim e integra fotografia e música para piano e barítono e, por fim, a exposição “Fotografia e memória no 21” integra texto e imagens reveladas em caixa reveladora artesanal a partir de monóculos pertencentes ao acervo de minha família. Todas essas obras conduzem à busca de meu lugar epistemológico enquanto artista pesquisadora e minha relação com minha família e os elementos fundantes que estão na base de minha formação enquanto ser humano. O Km 21 é uma área rural, inicialmente destinada a imigrantes italianos, e posteriormente, a migrantes nordestinos, no período da Grande Seca de 1915. Neste momento inicia a história de minha família neste local, oridunda de Várzea Alegre, no sertão do Ceará, rumo às matas do 21. As obras foram performadas no galpão de pimenta que fica ao lado da casa da família, com exposição de varal de fotografias, para a comunidade local, ao mesmo tempo em que as músicas foram tocadas e os poemas e contos, lidos por mim. Ao final, a comunidade assistente, em grande parte constituída pela minha família, resolveu ficar com as fotografias. Acredito que o sentido de pertencimento e a memória reconstituída foram um conforto para essas pessoas e a realização de toda a performance litero-imagética-musical no ambiente rural, em processo de desbotamento de sua identidade e distante de outras formas expressivas, tenha sido uma oportunidade de reflexão sobre as identidades locais. Para a condução destas obras, works como os de Laila Rosa foram grande inspiração e encorajamento.