GT 029. Culturas populares, rituais, festas e sujeitos em performance: diversidade sexual, racial e de gênero
Apresentação Oral em GT
Roberto Marques
Espacialidades, corpos e tecnologias do forró eletrônico
Nas décadas de 1940 e 1950, o forró do cantor e compositor Luiz Gonzaga condensou, divulgou e produziu a sensibilidade modernista da relação entre desenvolvimento, mundo rural e migração. Tal relação objetivou a região Nordeste como espaço e os nordestinos como filhos identificados como as margens do Brasil como nação. Cinco décadas depois, uma variação do ritmo é divulgada por novos canais de distribuição de signos. As imagens de tradição, tipificação e natureza cedem espaço para um ritmo pop, acompanhado por guitarras elétricas, shows com telões de LCD, canhões de luz e fumaça de gelo seco. O forró eletrônico busca na tecnologia apresentada pelas bandas imagens potentes da transformação do ritmo. Na plateia, novas tecnologias de produção dos selves articulam o espaço dos shows de forma criativa, em identificação contínua com a possibilidade de ser/possuir aquilo que extrapola os limites dos lugares de origem. Nesses cálculos complexos entre espaço, ritmo, tecnologia e bens de consumo, novas conformações dos corpos femininos passam a funcionar como sinais diacríticos para evidenciar possibilidades de trânsito dos sujeitos ali presentes.