Redes sociais da ABA:
GT 029. Culturas populares, rituais, festas e sujeitos em performance: diversidade sexual, racial e de gênero
Pôster em GT
Fillipe Alexandre Oliveira Alves
Black is beautiful, preto é luta! Possibilidades políticas em torno de mobilizações culturais no passado e no presente.
Compreender as relações raciais pela dinâmica entre política e cultura no Brasil nos ajuda a explicar as formas encontradas pelos negros para enfrentar o mito da democracia racial e redescobrir o orgulho de ser negro enquanto lutam por direitos por reconhecimento e pelos direitos civis e sociais. Revisitar certos períodos e narrativas da história do Brasil utilizando um recorte de raça se faz extremamente necessário visto o sistemático apagamento de figuras e narrativas negras que tiveram papéis importantes na construção do país. Permitir que memórias até então esquecidas passem a compor o quadro de narrativas e referência da identidade nacional contribui para que tenhamos uma ciência humana mais rica e completa. Entendendo que a música pode ser uma dimensão da vida social para observar tal problema, por isso utilizo o movimento black rio e a festa Batekoo, que mesmo em contextos e épocas diferentes, dialogam e servem como referências para compreender a dinâmica existente entre a esfera cultural, em especial a da música, e a política, além de servirem como meios de abordar as problemáticas da construção de identidades e espaços urbanos em uma sociedade marcada pelo racismo estrutural. Indo além das performance e símbolos construídos e reproduzidos nesses bailes, encontros e festas, busco neste work compreender os entrelaçamentos, solidariedade e pontes criadas a partir desses movimentos culturais e nos seus entornos que acabam por alcançar a esfera política. Para tal, lanço mão de entrevistas e depoimentos de mídia impressa e audiovisual para análise documental; do ponto de vista teórico, recorro aos estudos de Stuart Hall sobre representação e construção de identidade em diálogo sobretudo com os pensamentos de Henry Levbre, expondo a dinâmica entre a esfera cultural e política no meio urbano e a possibilidade de interferência nas estruturas sociais partindo da cultura, mostrando que essas manifestações culturais são capazes de construir sujeitos políticos, cabendo aos mesmos encontrar os dispositivos que rompem as barreiras entre essas duas esferas e permitem o avanço das pautas dos dois campos mostrando um jogo entre agente e estrutura na organização social de grupos subalternizados.