Redes sociais da ABA:
GT 029. Culturas populares, rituais, festas e sujeitos em performance: diversidade sexual, racial e de gênero
Apresentação Oral em GT
Keila Michelle Silva Monteiro
A mulher no rock: sua presença e performance na cena em Belém do Pará
Este work foca na presença feminina e sua performance na cena rock em Belém do Pará. De acordo com pesquisas anteriores, Weller (2006) afirma haver ausência de abordagens sobre a presença feminina nas culturas ou subculturas juvenis e isso tem sido alvo de crítica de algumas autoras. O rock, em geral, tem se mostrado um gênero musical ligado ao machismo. Mazzoleni (2012), no seu livro As Raízes do Rock, cita várias mulheres presentes nas origens musicais do rock, porém não se dá o merecido destaque a elas e às outras que se mostra(ra)m firmes na cena no decorrer do século XX. Apesar da sua presença, os homens predominam e a maioria delas não tem o sentimento de pertencimento e não assume uma identidade ligada a esse gênero musical. Em Belém, desde o início, mulheres participavam mesmo que timidamente como público, como lembra Machado (2004) ao falar de um show nos anos 80, em que a presença de meninas era fato raro em shows de rock “pesado”. Conforme a pesquisa de Araújo (2013), a artista Sammliz afirma não se lembrar de muitas mulheres nos espaços destinados ao rock, porém o entrevistado Márcio relata certo crescimento da presença feminina nos shows na década de 90 e revela que a fãs da banda DNA eram chamadas por alguns de “DNetes”; a visão relatada deprecia mulheres como público, como descreve Merheb (2012) as groupies eram vistas por integrantes do movimento feminista não como símbolos de mulheres que romperam tabus sexuais e familiares para ter uma vida mais divertida, mas com a condescendência dirigida às vítimas de sexismo ou com a intolerância de quem se sente moralmente superior. Nessa época, Sammliz criou a banda feminina Morganas, para afirmar-se na cena enfrentando preconceitos, pois, conforme Sousa (2018), apesar do apoio dos amigos, teve que lidar com alguns entraves na cena relacionados à questão de gênero, ao mesmo tempo grupos de rock com mulheres, identificando-se ou não como feministas, vinham crescendo na cena local, e atualmente, muitas bandas têm obras e performances de conteúdo anti-machista e anti-sexista, como, por exemplo, Coisadeninguém e Klitores Kaos. Sousa revela que segue a resistência e as garotas ocupam os espaços e produzem festivais em que o critério de escolha das bandas é haver pelo menos uma integrante feminina no grupo. Percebo, portanto, que mulheres, no interior e na capital paraense, apropriam-se do rock e resistem combatendo tal invisibilidade fazendo a diferença na cultura machista do rock e na vida de outras mulheres.