GT 003. A luta pelo espaço nos centros urbanos contemporâneos
Pôster em GT
Vladimir Eiji Kureda, Guilherme Passamani
Revitalizar a “Rodô”: entre conflitos, alianças e diferenças
O presente work tem como finalidade apresentar as reflexões realizadas sobre o processo de revitalização na antiga rodoviária de Campo Grande – MS. Ressalta-se que esse work é parte do work de Conclusão de Curso em Ciências Sociais concluído no ano de 2017 na UFMS. O foco da análise centra-se na compreensão da antiga rodoviária, conhecida popularmente como “Rodô”, situada numa área próxima ao centro comercial da cidade, como um espaço em disputa, aonde se congrega uma heterogeneidade de sujeitos que produzem relações com o lugar e entre si. Essas disputas em torno da antiga rodoviária, que envolvem relações de conflitos e alianças, se manifesta com o processo de revitalização. Nesse sentido, o work traz as pessoas em situação de rua, evangélicos e instituições estatais, que estão diretamente relacionadas com o processo citado acima, destacando algumas de suas formas de uso, contra-uso, territorialização, representações e intervenções. Do ponto de vista metodológico, a análise é fruto de dados produzidos nas observações realizadas no work de campo de cunho etnográfico, bem como de documentos públicos e entrevistas semiestruturadas. No que tange a algumas inferências, pode-se afirmar que: parte dos comerciantes situados nas imediações da antiga rodoviária reitera a necessidade de reaquecer a economia local, almejando-se o retorno da clientela formal e dos turistas que passam pela cidade, através de projetos implementados pelo Estado, que levariam, consequentemente, à retirada das pessoas em situação de rua do local; além disso, as ações caritativas de evangélicos para com a população em situação de rua é concebida por alguns comerciantes como uma prática pouco “solucionadora” e que colabora para a manutenção desses sujeitos no universo das ruas. Logo, algumas dessas igrejas são percebidas pelos comerciantes como um entrave para a revitalização local; por fim, em dois documentos estatais, de instituições ligadas ao planejamento urbano municipal, aparece a necessidade de ocupar “áreas vazias” de regiões da cidade, que incluem a antiga rodoviária, bem como resolver o “problema social” do bairro, corporificado na figura de “mendigos, usuários de drogas e moradores de rua”, ou seja, o Estado torna visível esses sujeitos ao categorizá-los como um “problema social” que precisa de intervenção, enfatizando o uso de drogas nesse contexto, bem como trata esse espaço da cidade como um lugar que carece ser ocupado por novos equipamentos e sujeitos, logo, gentrificado.