Redes sociais da ABA:
GT 003. A luta pelo espaço nos centros urbanos contemporâneos
Apresentação Oral em GT
Ana carolina Amorim da Paz
Habitar as ruas e os modos de fazer política no cotidiano
O presente work compreende um breve esforço em identificar e compreender práticas políticas desenvolvidas por pessoas que habitam as ruas na tentativa de acessar e garantir direitos em situação de grande vulnerabilidade social, econômica, emocional e de saúde. Trata-se de uma tentativa de apontar alguns aspectos de como esses corpos experimentam, compreendem e exercem a política no cotidiano, em suas relações próximas e rotineiras de sociabilidade, procurando explorar a dimensão simbólica dos direitos, o modos de acessá-los, as concepções e dilemas acerca do usufruto do espaço urbano e a maneira pela qual as relações de conflito e poder emergem, adquirem significados e como esses sentidos orientam suas ações no cotidiano da cidade. Para tanto, utilizo como dados empíricos anotações de caderno de campo desenvolvidas durante pesquisa de mestrado, entre 2014 e 2016, no centro da cidade de Cabedelo/PB, agora analisados na perspectiva da pesquisa de doutorado em antropologia – PPGA/UFBA. Acredito que ao voltar à atenção para o cotidiano de parte dessas vivências podemos ter acesso não só a pluralidade das práticas e interações, mas também os sentidos e particularidades que a política pode assumir em tal ambiente, desvelando representações, corporalidades e modos de agir através das quais essas pessoas criam e reivindicam seu lugar nas relações locais. Sendo assim, sigo as indicações de Machado Pais (2003, p.29), do cotidiano como uma “rota de conhecimento” para traçar um diálogo com a chamada Antropologia do direito, da cidade e urbana, além das teorias já consolidadas sobre a temática das pessoas em situação de rua (PSR). Trago como aporte teórico autores como Agier (2015), Trindade (2012), De lima (2009), Oliveira (2010), Foucault (1996; 2013), entre outros. A partir desse diálogo, podemos observar como esses corpos que habitam as ruas lidam com a dimensão normativa e suas formas institucionalizadas, lançam mão da inventividade em suas existências e exploram a potência do habitar nas ruas, alcançando, mesmo que de forma insuficiente, circunstancial e marginalizada, o direito à centralidade, entre outros. Com isso, podemos suspeitar se certas práticas desenvolvidas nessas condições de vida podem ser entendidas como práticas políticas de fazer acessar um direito à cidade.