Redes sociais da ABA:
Logo da 30ª Reunião Brasileira de Antropologia
3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 005: Antropologia da Criança
Pôster em GT
Jannine Jolanda Araújo Diniz
Vivências de Crianças e suas Famílias no Contexto do HIV/aids
O presente work objetiva realizar algumas reflexões sobre vivências de crianças e seus cuidadores acerca das implicações do que significa viver/conviver com o vírus do HIV. Longe de ser um estudo exaustivo, proponho discutir, de maneira analítica, alguns aspectos observados ao longo do desenvolvimento da minha dissertação, uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, realizada com pessoas atendidas em dois serviços de referência do SUS no tratamento da aids em João Pessoa-PB, a saber: Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) e Hospital Clementino Fraga (CHCF). O desenvolvimento da pesquisa se deu em um período de 8 meses e contou com a participação de 5 famílias. Foi feita uma adaptação do método relatos de vida, de Daniel Bertaux (1980). As história de vida analisadas foram contadas por muitas vozes (polifonias) de pessoas que vivenciaram os episódios narrados. O termo "polifonias" aqui é empregado num sentido semelhante ao usado por Clifford (1998). Busquei realizar uma integração metodológica, a fim de possibilitar uma compreensão do processo estudado a partir de ângulos e perspectivas diversas dos atores envolvidos. Assim, foi possível uma imersão nessas experiências, respeitando as ambiguidades advindas dos diversos pontos de vista. Os instrumentos utilizados na pesquisa foram múltiplos, tais como: entrevistas em profundidade; perguntas abertas; observação direta; produção de desenhos-estórias com títulos, filmes, e encenações. Através da imersão em diálogos foi possível construir categorias analíticas, as quais foram analisadas à luz de um referencial teórico socioantropológico. Há, atualmente, um crescente interesse em investigar crianças/infâncias no contexto da saúde, a partir de seus próprios olhares, concepções e perspectivas. Porém, estudos socioantropológicos acerca das questões ligadas à aids pediátrica ainda são incipientes, constituindo, assim, um importante desafio teórico-metodológico aos estudos na área. A visão das crianças, nesse estudo, tem um papel de destaque, pois elas atuam como interlocutoras e são compreendidas aqui como agentes capazes de produzir, atualizar e preencher lacunas acerca de aspectos relativos à sua condição de saúde. Defendo que as crianças revelam fragmentos de narrativas que representam experiências sociais significativas, e que é imprescindível considerar também as características individuais, familiares e o contexto sócio-histórico-cultural mais amplo do qual a criança participa. Portanto, faz-se necessário o reconhecimento de que as crianças são sujeitos que precisam ser ouvidos para além do direito que possuem de se expressar, uma vez que têm muito a nos dizer e a colaborar a respeito de questões que lhes afetam cotidianamente.