Redes sociais da ABA:
Logo da 30ª Reunião Brasileira de Antropologia
3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 056: Racismo no Plural nas Américas: Situando Povos Indígenas e Afro-Indígenas
Apresentação Oral em GT
Denia Román Solano
Espaços Oblíquos: Política formal, discriminação e reivindicação na Autonomia do Caribe Nicaraguense.
O Caribe Nicaraguense se caracteriza pela impossibilidade de definições raciais, sua literatura etnológica e histórica são o reflexo desta condição (**). Nesse sentido, o escasso controle colonial, assim como o relativo isolamento e domínio indígena do território até aproximadamente meados do século XIX, gerou uma forma particular de delimitar grupos, línguas e identificações étnicas. Ameríndios, africanos e configurações coletivas que estes construíram foram, e continuam sendo, categorias inéditas no contexto Centro-americano, que desafiam os parâmetros acadêmicos,bem como os espaços políticos de reivindicação perante a lógica do estado nação. A comunidade indígena ulwa de Karawala é um exemplo claro desta condição, constituída há cem anos por grupos familiares de origem diversas: Mayangnas (especialmente Ulwas, mas também Panamahkas e Tawahkas), Miskitos, e afrodescendentes, hoje procuram consolidar um lugar legitimo no horizonte da política multicultural. Este work procura analisar, a partir de uma visão etnográfica, os etnônimos, as categorias étnicas e as hierarquias que os indígenas, os intelectuais e o Estado têm construído. Classificações que, a nível regional e nacional, articulam praticas discriminatórias ocultas na estrutura formal da autonomia regional, estabelecida na Nicarágua a mais de duas décadas. Refletindo-se, dessa maneira, sob as formas contemporâneas do micro poder do racismo que violenta e impõe a integração através da aparente política da diversidade cultural.A emblemática autonomia produto de um dos movimentos indígenas mais importantes das Terras Baixas da América Central do século XX evidencia hoje sua ambiguidade, inoperância e omissão ----------- (**) Basta olhar os títulos dos diferentes artigos escritos sobre a região, para se ter uma ideia dessa impossibilidade: “Negro or Indian? The changing identity of a frontier population”, de M. Helms (1977); “Were the Miskito indians black?”, de M. Olien (1988); “Alamikangban: ¿Identidad o Fisionomía?”, de G. Gurdián, (2000); “Miskitu or Creole? Ethnic Identity and the Moral Economy in a Nicaraguan Miskitu Village”, de M. Jameison (2003); “‘Zambos Mosquitoes’ and ‘pure Indians’: the history of ethnic definitions on the Atlantic coast of Nicaragua”, de Von Oertzen (citado em M. Jamieson, 2003); “¿Sumos, Mayangnas, Tuahkas, Panamahka, Ulwas? Lengua e Identidad Étnica”, de E. Benedicto e K. Hale (2004).