GT 005: Antropologia da Criança
Apresentação Oral em GT
Patrícia Maria Uchôa Simões, Patrícia Maria Uchôa Simões Maira Streithorst Fígoli Milene Morais Ferreira
O conceito de culturas infantis nos novos estudos sociais da infância
O conceito de culturas infantis ou culturas de pares foi proposto por William Corsaro e se refere às ações compartilhadas entre as crianças segundo suas formas de interpretar o mundo e o significado atribuído por elas, diferentemente das ações e interpretações dos adultos. Esse conceito assumiu uma centralidade no debate dos novos estudos sociais da infância e coloca a criança como protagonista das interações que estabelece com os seus pares e com os adultos, bem como do seu próprio desenvolvimento social, afetivo e cognitivo. Muitos estudiosos da Sociologia da Infância vêm utilizando esse conceito nas análises dos resultados de suas pesquisas que auxiliam a compreender a infância como uma categoria estrutural, a partir da perspectiva geracional. Por outro lado, na Antropologia moderna, o conceito de cultura vem sendo debatido no sentido de buscar uma ressignificação, a partir da fragmentação que vem acontecendo resultante das numerosas formulações que esse termo tem sofrido. A visão crítica de cultura tem como pressuposto que os sujeitos falam de determinados lugares e posições, estando, portanto, intimamente ligado ao conceito de identidade. Diante desse novo paradigma para as ciências sociais e compreendendo a relavância do debate epistemológico, conceitual, teórico e metodológico, o presente estudo pretendeu analisar a produção científica em periódicos na base de dados Scielo Brazil sobre o conceito de cultura nesses estudos. Para tanto, foi feito um levantamento de artigos, utilizando os descritores: infância e cultura. Foram identificados 109 artigos inicialmente, e, desse total, foram excluídos 8 artigos por utilizarem o termo cultura no seu sentido biológico (como propagação de microrganismos ou cultivação de tecido vivo em um meio nutritivo preparado). Foram analisados, então, 101 artigos publicados entre os anos de 1999 e 2015. A grande maioria dos estudos foi publicada em periódicos da área da educação, 37 artigos, seguida dos periódicos em Psicologia, 23 artigos. Apenas um artigo em um periódico na área especificamente da Antropologia. A análise apontou o crescimento da discussão das temáticas no período observado. Também evidenciou a predominância dos estudos fora da área das ciências sociais. Como conclusão, ressalta-se a diversidade de uso do termo cultura, muitas vezes, sem qualquer fundamentação epistemológica ou referência a um quadro teórico. Por fim, este estudo pretende apontar para a necessidade de estudos que, aprofundando a discussão conceitual das culturas infantis, desenvolvam um arcabouço teórico-metodológico capaz de avançar na compreensão desse tema.