GT 037: Indígenas, Quilombolas e outros Povos e Comunidades Tradicionais em Situações Urbanas: identidades, territórios e conflitos.
Apresentação Oral em GT
Ignês Tereza Peixoto de Paiva, Elizabeth Cristina Siel Souza Artemis Soares de Araújo
Da Aldeia a Cidade: Reflexões sobre a educação escolar de crianças indígenas em uma escola urbana de Parintins-Am
A proposta deste artigo é apresentar reflexões sobre a educação escolar de crianças indígenas em uma escola urbana de Parintins, e quais os motivos que causam a vinda dessas crianças do ensino fundamental anos iniciais da aldeia para a cidade, e as dificuldades enfrentadas no cotidiano da escola com as crianças não indígenas. Todo esse processo teve seu inicio a partir de projetos de extensão e iniciação científica realizados pela Universidade Federal do Amazonas, que buscou evidenciar o desafio da convivência étnica presente no ambiente escolar precisamente de crianças indígenas da etnia Sateré Mawé que são advindas das mais variadas localidades próximas a cidade de Parintins – AM. Para analise deste work foram observados alunos do 5º ano do ensino fundamental, crianças entre 11 e 12 anos de uma escola da rede estadual de ensino. A aproximação entre populações urbanas e não urbana é condição importante para o conhecimento mútuo da dinâmica e da interação entre as formas culturais. Todo o processo metodológico, parte da utilização de métodos e técnicas antropológicas no estudo das sociedades complexas com análise das teorias sociais para a investigação do cotidiano de grupos sociais dando ênfase no work de campo, utilizando uma descrição densa da realidade pesquisada por meio da etnografia buscando interpretar os eventos do dia-a-dia, compreendendo as negociações e interpretações dos atores. Assim, a construção da identidade de um grupo indígena não pode ser norteada por uma visão folclórica, fundamentada em princípios culturais e raciais. A identidade é aquilo que em princípio diferencia um indivíduo do outro, e, ao mesmo tempo, é aquilo que o faz ser reconhecido pelo grupo, isto é, são relações geridas por natureza aparente e distinta. Apesar dos vários avanços conquistados quanto ao processo educacional de crianças indígenas, ainda há muitos entraves que impossibilitam a construção de uma Educação Indígena em escolas urbanas que seja, comunitária, intercultural, bilíngüe/multilíngüe e especifica/diferenciada, na qual os indígenas possam valorizar sua cultura e reconquistar sua alteridade, até porque eles vivenciam outro contexto cultural, social e político que de certa forma, não os pertence de fato, pois sua cultura e sua língua ficam invisível frente a sua identidade que se torna passageira e à cultura hegemônica da sociedade não indígena.