GT 011: Antropologia do Cinema: entre narrativas, políticas e poéticas
Apresentação Oral em GT
Elaine Zeranze Bruno, Vinicius Esperança (viniciusesperanca@globo.com) Mestre em Ciências Sociais pela UFRRJ e doutorando em Sociologia pelo IESP/UERJ / Capes
“As marcas do mundo”: História, memória e imagem na obra Sans Soleil (1983) de Chris Marker
O objetivo deste work é analisar na obra Sans Soleil (1983), do cineasta francês Chris Marker, o modo pelo qual são relacionados história, memória e imagem. Trata-se de uma obra difícil de ser descrita devido a sua organização singular. Composta por fragmentos da vida cotidiana, o documentário funciona como um mosaico da memória feito de imagens e relatos recolhidos de viagens do Japão à Guiné-Bissau, uma busca pelos extremos da sobrevivência, segundo o próprio autor. Penso que, Sans Soleil traz elementos que problematizam e desconstroem certas categorias, tais como, documentário, ficção e documentário etnográfico. É documentário por sua montagem em imagens diretas, ou seja, sem encenação. Ao tempo que não é documentário pelo uso de um personagem fictício que teria escrito relato. Seu inverso também vale para defini-lo como ficção. De mesmo modo é documentário etnográfico por ser fruto da observação participante do estudo de certos grupos sociais e não o é por não seguir os cânones consagrados deste gênero. Nesse ponto podemos aproximá-la da obra do Lévi-Strauss de Tristes Trópicos (1955). É nas fronteiras destas categorias que pretendo analisar o papel da memória, tanto coletiva quanto individual, na construção/recriação da história, uma história escovada à contrapelo, termo cunhado por Walter Benjamin, ou seja, uma história contada pelo lado dos vencidos.