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Logo da 30ª Reunião Brasileira de Antropologia
3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 011: Antropologia do Cinema: entre narrativas, políticas e poéticas
Apresentação Oral em GT
Vitor França Netto Chiodi
Robôs e ciborgues pensando materialidade e diferença: uma reflexão política sobre Star Wars e Terminator
Esse texto é um artigo que versará sobre parte da minha pesquisa de dissertação de mestrado. Embora não seja sobre meu principal objeto, que é o singularismo tecnológico, farei uma discussão sobre um arco de conceitos úteis para se debater diferença e materialidade num contexto tecno-científico. É também um work que dá continuidade àquele apresentado no GT de Antropologia do Cinema da RAM de Montevideo. As figuras do ciborgue e do robô atravessam a ficção científica e o imaginário popular sobre a organização de debates clássicos que permeiam o natureza x cultura, como humano x máquina, mente x corpo, natural x tecnológico e suas consequentes problematizações. Este artigo não pretende se aprofundar no debates clássicos ou nos potenciais míticos e políticos do robô e do ciborgue separadamente, mas, antes, no que a relação robô-ciborgue pode oferecer para análise fílmica e antropológica. Há um debate antropológico que perpassa a relação entre natureza e cultura e pode ser, de modo redutivo, ser pensado nos termos moderno x simétrico. Essa mesma organização pode ser levada ao cinema hollywoodiano como naturalismo x neonaturalismo. Cada um desses dois pontos de vistas enxerga a relação entre o humano e tecnológico de modo distinto, e, consequentemente o robô e o ciborgue. Assumindo que os universos diegéticos de Star Wars e Terminator representariam essas visões, o meu propósito será o de apresentar na prática uma maneira pela qual a ficção científica pode iluminar debates antropológicos, mas também o caminho reverso, onde robô e ciborgues se tornam conceitos potenciais para se pensar antropologia. Caracterizo a perspectiva moderna como aquela define robô e ciborgue a partir de sua origem, numa coluna de conceitos que acompanha gênese/ binário/ identidade/ naturalismo/ tecnofobia. A simétrica por outro lado define as figuras a partir da materialidade e tem no seu quadro de conceitos, respectivamente, ontologia/ híbrido/ afinidade/ neonaturalismo/tecnologia negociada. Robô e ciborgue modernos são definidos por sua condição e origem, de modo que em Star Wars R2D2 seja um robô e Darth Vader um ciborgue. Em Terminator a Skynet é o robô, enquanto máquina, ao passo que T800 é ciborgue porque independente de sua origem é híbrido de orgânico e maquínico. Analogamente, o antagonista moderno é o híbrido (homens e máquinas x ciborgues) e o antagonista simétrico binário (homem x máquina, híbrido em negociação). Apresento como conclusão um quadro de conceitos no qual gênese (moderna) e ontologia (simétrica) são esferas separadas mas que podem ser complementares num quadro analítico mais amplo, de modo análogo ao que o multinaturalismo perspectivista pode se relacionar com o multiculturalismo moderno.