Redes sociais da ABA:
Logo da 30ª Reunião Brasileira de Antropologia
3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 011: Antropologia do Cinema: entre narrativas, políticas e poéticas
Apresentação Oral em GT
Edilson Brasil de Souza Júnior, Antônio Cristian Saraiva Paiva
Pela emergência de uma passividade sem vitimizações: um estudo etnográfico sobre a constituição e apresentação do corpo homossexual passivo nos filmes pornôs gays brasileiros
Em grande parte das sociedades ocidentais, os homens que desenvolvem a prática sexual passiva são geralmente vistos e classificados como inferiores dentro de uma hierarquização arbitrária do gênero masculino. Em sua condição de produto pertencente ao mercado global do entretenimento e da informação, os filmes pornôs voltados ao público gay reproduzem, muitas vezes, em seus enredos este “desnível arbitrário de gênero” por meio de práticas físicas e discursivas que denotam o agente passivo da relação sexual como o “polo enfraquecido” do script sexual. Esta comunicação tem, pois, por objetivo principal problematizar - à luz da antropologia do corpo de Le Breton (2012), dos estudos de recepção desenvolvidos pelos estudos culturais (HALL, 2003), da teoria da estruturação de Giddens (2009), da tese sobre sedução apresentada por Baudrillard (1992), do conceito de jogo de Simmel (2006), da tese sobre pornografia de Díaz-Benítez (2010) e de uma análise do discurso pautada em uma visão sociosemiótica (LANDOWSKI, 2009) - os recursos heteronormativos que constroem e gerenciam essas imagens do pornô e, ainda, como estas imagens são resultado de um work tático dos atores em responder às necessidades de um mercado comprometido com uma visão unidimensional de mundo. Assim, o work se propõe, a partir da entrevista semiestrutura realizada com dois reconhecidos atores pornôs passivos, a saber, Andy Star e Bryan Knust, revelar como a performance passiva é resultado de um processo no qual os sujeitos envolvidos estão até certo ponto conscientes de sua condição corporal como elemento simbólico propulsores/produtos de uma performance sexual coordenada por um olhar conservador acerca dos corpos e das subjetividades. Dessa forma, a comunição busca revelar a consciência da produção estereotipada da performance por parte dos atores e as sensações produzidas por se deixarem materializar em tipologias que promovem o imperativo heterossexual em relação às identidades de gênero e de sexualidade a fim de, com isto, contribuírem com a economia cognitiva dos telespectadores. Referências bibliográficas BAUDRILLARD, Jean. Da Sedução. Campinas, SP: Papirus, 1992; DÍAZ-BENÍTEZ, María Elvira. Nas redes do sexo: os bastidores do pornô brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2010; GIDDENS, Antony. A constituição da sociedade, São Paulo: Martins Fontes, 2009; HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2003; LANDOWSKI, Eric. Presenças do outro. Editora Perspectiva, São Paulo, 2009; LE BRETON, David. Antropologia do corpo e modernidade. Petrópolis, Rio de Janeiro, 2012; SIMMEL, Georg. Questões fundamentais da sociologia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2006.