Redes sociais da ABA:
Logo da 30ª Reunião Brasileira de Antropologia
3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 011: Antropologia do Cinema: entre narrativas, políticas e poéticas
Apresentação Oral em GT
Alex Giuliano Vailati
O documentario social
As representações visuais são mais e mais parte da vida quotidiana e da arena de estudo da antropologia. Também onde é possível perceber uma hostilidade à produção de teorias antropológicas através do médium visual, podemos encontrar sua presença, seja finalizada a complementar o conhecimento antropológico, seja como um meio para aplicar tais saberes a práticas sociais, políticas e de ativismo cultural. As buscas para definições daquele espaço de contato entre cinema e antropologia cultural foram objeto de muitos debates na história. O foco deste artigo é sobre a categoria de documentário social que, fora do mundo acadêmico, é muito utilizada para definir o campo do visual contemporâneo, em particular em relação ao documentário. É interessante ver como há mais de vinte anos essa definição foi utilizada para descrever a afirmação do documentário na América Latina, como um meio para produzir contrainformação e narrações contra hegemônicas. A recém-proliferação de festival de cinema e de instituições que utilizam a categoria social é um fenômeno evidente. Mas qual é o campo específico do documentário social e quais as suas relações com o mundo acadêmico? O adjetivo social, historicamente, foi utilizado no campo da fotografia estadunidense. Nos anos vinte essa categoria foi ligada aos works de fotógrafos que documentavam a existência dos subalternos, pessoas de camada social baixa, negros ou work de menores. “Social” seja em relação à fotografia, seja ao audiovisual, normalmente se refere ao complexo das relações entre produção imagética, o contexto social onde esta é realizada, e uma postura politicamente ativa de suporte a uma causa específica. O work de realização de documentários e de ensino da antropologia visual hoje, muitas vezes, tem que passar por esta trilha, entre poetica, indexicalidade e intervenção. A marcação da necessidade de repensar como “as arquiteturas de produção de conhecimento” são construídas (APPADURAI, 2000) ou, utilizando as palavras do Ingold, como “educar nossa percepção do mundo” (INGOLD, 2011: 238) coloca o papel do audiovisual como um objeto fundamental da antropologia contemporânea. Por esses motivos, neste artigo será experimentada a dissolução de divisões categoriais que encontramos no mundo do audiovisual com o fim de repensar as práticas produtivas e as reflexões que elas propagam.