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3 a 6 de agosto de 2016
João Pessoa - PB
UFPB - Campus I
GT 037: Indígenas, Quilombolas e outros Povos e Comunidades Tradicionais em Situações Urbanas: identidades, territórios e conflitos.
Apresentação Oral em GT
Tadeu Lopes Machado
Intercâmbio e comércio dos Palikur na cidade de Oiapoque
Os Palikur estão em processo de contato com a cidade de Oiapoque, município brasileiro que faz fronteira com o Departamento Ultramarino da França – Guiana Francesa. Contudo, pelos dados histórico que temos acesso, esse povo indígena sempre se colocou em uma posição de hostilidade, sendo considerado arredio pela sociedade luso-brasileira, não se submetendo a sua imposição colonial e pós-colonial de nacionalização, preferindo estimular uma forte relação de intercâmbio e comércio com a Guiana Francesa. A partir do estabelecimento do Rio Oiapoque como marco legal de fronteira entre Brasil e Guiana Francesa, em 1900, ambos países passaram a intervir com maior intensidade na região, procurando aprofundar as marcas de suas respectivas nações, estimulando uma nova dinâmica jurídica, política e econômica para o local. Nesse processo, os Palikur, marcados pela forte perseguição colonial portuguesa, entendiam que o governo brasileiro executava políticas impositivas, revestidas de um caráter pacífico, configuradas através da implantação de escolas e Postos Indígenas, que no final das contas buscavam “amansar” os Palikur para escravizá-los. Já a Guiana Francesa, segundo o entendimento do povo Palikur, oferecia políticas atrativas, fazendo com que vários indígenas migrassem para o território francês. Com a intervenção das políticas do SPI, implantadas na região de Oiapoque a partir da terceira década do século XX, os Palikur foram conduzidos a rever sua postura de distanciamento e passaram a estreitar os vínculos com a cidade de Oiapoque, símbolo da sociedade brasileira na região. Dentre esses vínculos, o intercâmbio comercial é um dos mais intensos e significativos. Nos dias atuais esse povo indígena transporta semanalmente os produtos cultivados em suas roças, principalmente a farinha de mandioca, para serem comercializados na cidade brasileira, mesmo entendendo que é mais vantajoso comercializar os produtos no lado francês, por questões do câmbio da moeda. Ao retornarem para suas aldeias, os Palikur levam consigo produtos industrializados da cidade para seu consumo rotineiro. A relação que os Palikur têm com os brasileiros na cidade de Oiapoque é estabelecida somente para suprir determinadas necessidades que esses indígenas apresentam. Atendimento médico-hospitalar, recebimento de proventos nos caixas do Bancos do Brasil e Caixa Econômica Federal, encontro de formação de lideranças religiosas, venda ou troca de seus produtos da aldeia: são os principais motivadores que levam os Palikur a visitarem Oiapoque com frequência. Contudo, os indígenas não se sentem à vontade no ambiente citadino. Percebendo que os não-indígenas os hostilizam com frequência, eles buscam agilizar a resolução de suas atividades para retornarem o mais rápido possível às suas aldeias.
Palavras-chave: Palikur; intercâmbio; comércio.