GT 057. Processos e dinâmicas no ciberespaço: divergências, dissidências, usos e contra-usos em relação à experiência de si
Apresentação Oral em GT
Eliane Tânia Martins de Freitas
Por que se odeia tanto na internet? Conflitos sociais e emoções à flor da pele nas interações mediadas
Desde a reflexão desenvolvida por Georg Simmel acerca da noção de conflito social, sabemos que este pode ser instaurador de formas de relações sociais e não apenas algo disruptivo e “perigoso” para a continuidade da vida social. O sucesso das plataformas do tipo “rede social” (Facebook, Twitter etc.) tem sido acompanhado pela proliferação de inúmeras modalidades, senão inéditas, ao menos singulares de agressões e conflitos, que vêm recebendo por parte da grande mídia e nas próprias novas mídias online, denominações que se baseiam em classificações que vão sendo, aos poucos, formuladas por diferentes agentes sociais e revelam interpretações heterogêneas e nada consensuais sobre esses conflitos. O único aparente consenso é a ideia, disseminada, de que as redes estariam de algum modo contribuindo para a disseminação de discursos de ódio e uma multiplicidade de agentes promotores desses discursos. Nesta apresentação procuro refletir sobre contextos recentes nos quais conflitos classificados nessas mídias – e por elas – como “linchamentos” de figuras públicas e promoção de ódio colocaram em cheque as próprias redes e qual seria, então, a representação feita da comunicação online, da responsabilidade dos seus agentes em termos morais e das próprias noções de ‘ódio’ e outras correlatas, como ‘assédio’ e ‘linchamento’, nesses contextos. Nesse sentido, pensar sobre conflitos nas redes no contexto da comunicação mediada é pensar nas relações que as pessoas estabelecem consigo e com os outros, na interação online, em termos de códigos que fundamentariam suas condutas e também em termos da compreensão (antropológica) das suas emoções.