Redes sociais da ABA:
GT 057. Processos e dinâmicas no ciberespaço: divergências, dissidências, usos e contra-usos em relação à experiência de si
Apresentação Oral em GT
Fabiana Jordão Martinez
Ontologias feministas no ciberespaço: discursos e contra discursos “radfem”.
Este paper é fruto de uma pesquisa iniciada em 2016 que busca compreender o panorama do feminismo no ambiente web, atualmente, locus de construção de uma nova epistemologia do conhecimento feminista. Para isso, foi realizado um mapeamento relacionando grupos de discussão do Facebook a páginas da internet donde se produziu uma tipologia das “vertentes feministas” (e suas respectivas abordagens tematicas). Também atentou-se para a dinamica de movimentação que foi das “redes sociais às ruas”, isto é, o conjunto de discursos e manifestações que eclodiram em 2015 e que foi tratado pela mídia tradicional como a “Primavera Feminista”. Neste work, a proposta é dar sequencia a esta analise, tratando mais pontualmente do conteúdo disseminado por estes “feminismos do ciberespaço”, mais propriamente na rede social Facebook. Atentaremos principalmente para a presença de uma linha discursivo epistemologica que tem pautado em grande parte o debate feminista no ambiente web. Trata-se do “radfem”, um campo supostamente guiado pelas teorias do feminismo radical que veem no patriarcado a causa da opressão às mulheres, enfatizando questões como socialização feminina, exploração e apropriação sexual e pelo sistema capitalista. Por outro lado, é importante que se atente para a contrapartida destes discursos, um campo que de forma relacional e antinômica tem sido guiado pela epistemologia queer e pelo transfeminismo que insistem no poder da linguagem como vetor na construção de sexo e gênero. Os dados foram coletados utilizando software Nvivo, e incluem posts da rede social Facebook de: 1.agentes consagrados como formadores de opinião; 2. grupos de discussão e páginas que se autoproclamam alinhadas ao feminismo radical. Tem sido constatado que neste campo discursivo de ação o conhecimento feminista se constitui atra vés de classificações entre vertentes (no Facebook, em blogs e videos do Youtube) que perfazem uma espécie de “lógica totêmica feminista”, bem segmentada em “feminismos” (liberal, interseccional, marxista, queer e radical), que competem entre si, como um aspecto fundamental desta nova epistemologia do conhecimento feminista, um importante significante politico a espelhar o jogo das identidades na contemporaneidade. Parte destas disputas se dão em torno da categoria mulher e na busca por uma compreensao explicativa das ontologias de gênero. Forjada no bojo da articulação entre o conhecimento feminista academico formal, praticas, vivências e experiências cotidianas, esta nova “epistemologia feminista” requer novas abordagens teóricas e instrumentos metodológicos capazes de resolver a dissolução de antigas formas temporais (que obedeciam a um sincronismo entre passado, presente e futuro) e o caráter multissituado e fractal deste processo.