GT 057. Processos e dinâmicas no ciberespaço: divergências, dissidências, usos e contra-usos em relação à experiência de si
Apresentação Oral em GT
Michael Guedes da Silva
Extrapolando fronteiras: como as Redes Sociais tem contribuído para um reelaboração da visibilidade e representatividade dos jovens da periferia de Natal/RN.
Em pesquisa de Mestrado em curso, tenho promovido o acompanhamento etnográfico de manifestação artística de rua baseada em valores e práticas da cultura Hip-Hop. Referida iniciativa, realizada na Zona Norte (região periférica) de Natal/RN, reúne uma crescente quantidade de jovens em torno dessa cultura urbana, centrando-se na prática dos duelos de MC’s. A Batalha do Vinho utiliza intensamente as novas tecnologias de informação e comunicação, valendo-se delas, sobretudo, na divulgação dos eventos que realiza. Todavia, a partir de uma observação mais detida, é possível constatar usos e significados subjacentes às intenções postas em primeiro plano. O grupo de jovens abordado é caracterizado fortemente por sua condição socioeconômica, típica das periferias das capitais brasileiras. Nessa condição, se espere (inclusive eles próprios), diante da segregação do espaço urbano, um isolamento não apenas físico, mas também subjetivos desses indivíduos. Contudo, o manejo das redes sociais tem sido fundamental para possibilitar a constituição de outras relações de sociabilidade, relações que extrapolam, em muito, os limites dos bairros periféricos. A partir da difusão em rede de suas manifestações artísticas, os jovens da Batalha do Vinho têm estabelecido vínculos de amizades com pessoas de condições socioeconômicas diversas da sua, bem como de outras regiões da cidade de Natal, de outros Estados do nordeste e do restante do país. Os novos vínculos de sociabilidade se fazem acompanhar de uma inédita compreensão de si frente ao outro e ao mundo. Jovens que, há pouco tempo, viam-se inferiorizados, ao se constatarem, agora, admirados por pessoas distantes dele em várias concepções, passam a constituir outra valoração de si enquanto sujeito. No âmbito desse movimento, a trajetória de vida de um jovem em especial tem reclamado espaço em minha pesquisa. Ao longo de sua adolescência e início de sua vida adulta, esse jovem tem mediado suas diversas relações de sociabilidade pelas Redes Sociais, em especial pelo Facebook. Dessa maneira, tenho constatado sinais de reformulação de sua identidade, em grande medida decorrente de suas interações online – como ele construiu, desde a rede de sociabilidade que integrava na infância (o movimento escoteiro) até outras redes atinentes a movimentos culturais e políticos, cada vez com maior autonomia e protagonismo.