GT 051. Performances e marcas da religião na cidade
Apresentação Oral em GT
Cleiton Machado Maia
“Minha cigana querida!” – a entrega da medalha Pedro Ernesto e das cinquenta moções a ciganos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro: ciganos, religião e cultura
As últimas três décadas foram de grandes debates sobre as políticas com os ciganos desenvolvidas no Brasil, com assinatura do decreto federal que instituiu o Dia Nacional do Cigano no dia 24 de maio de 2006, o evento que promoveu o lançamento da cartilha “Povo cigano: Direito em suas mãos” e a criação do “I Prêmio Culturas Ciganas” do Ministério da Cultura, que contou com a sua primeira edição no ano de 2010. Essa visibilidade faz parte de um debate bem mais amplo promovido desde o processo de formulação de nossa Carta Magna, no ano de 1988. A participação de organizações internacionais incentivaram políticas públicas que entendiam como uma das possibilidades de construção da democracia apoiada na ideia de diversidade cultural (WRIGHT, 1999 p. 13), o que ganhava força no contexto internacional. Esse processo sócio histórico apresentou novos atores e novas formas de envolvimentos na construção de nossa Constituição e durante as últimas décadas continuam gerando novos espaços de visibilidade e disputas entre alguns antigos e novos atores.
Acompanhei, em meu doutorado, alguns desses atores ciganos, seus grupos, fundações e associações em seus eventos, desfiles, gravações de programa de TV, caminhadas, premiações, festas, feiras e reuniões ocorridas na cidade do Rio de Janeiro. Ao chamar a atenção para a pertinência da pesquisa sobre essas mediações ciganas, quero destacar como esses atores vêm desenvolvendo projetos políticos, religiosos e culturais (MACHADO, 2013 p. 13) que ganharam força no Rio de Janeiro nos últimos trinta anos.
Em especial, para esse paper, apresento dois eventos homenageando ciganos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que foram objetos de minha etnografia, análise e problematização. O primeiro foi à entrega da medalha Pedro Ernesto à advogada cigana Miriam Stanescon na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A segunda foi a entrega de moções à cinquenta e três cidadãos ciganos, sendo vinte e três ciganas e dezesseis ciganos, além de uma associação cigana, duas companhias de música e dança cigana e uma rádio cigana. E é com essas duas etnografias, que pretendo analisar as diferentes redes acionadas por esses cigano, os discursos e as performances dos envolvidos nessas duas homenagens, assim como as disputas, mediações e tensões apresentadas em cada uma dessas homenagens, debatendo como as diferentes formas de representações ciganas na cidade estão atravessadas pela cultura, religião e política.