Redes sociais da ABA:
GT 051. Performances e marcas da religião na cidade
Apresentação Oral em GT
Isabel Soares Campos
AS Controvérsias da Presença Religiosa no Espaço Público Pelotense
Percebendo que há uma reatualização nas discussões teóricas nas ciências sociais acerca das relações entre religião e espaço público – religião e política – que chamam a atenção para o paradigma weberiano da secularização, compartilho com a ideia de alguns autores que problematizam esta noção da secularização e também da laicidade para trazer à reflexão as distintas construções de diálogos (entre atores religiosos e laicos) e estratégias de legitimação da presença religiosa no espaço público. Nesse sentido, a proposta do presente estudo é analisar e refletir sobre este tema a partir de duas marchas religiosas que ocorrem tanto em âmbito nacional, quanto local (na cidade de Pelotas/RS): a Marcha para Jesus (de matriz religiosa cristã) e as Marchas Contra Intolerância Religiosa (de matriz religiosa não-cristã). A primeira Marcha para Jesus no Brasil aconteceu na cidade de São Paulo em 1993 e foi organizada pelo Apóstolo Estevam Hernandes, um dos fundadores da Igreja Renascer em Cristo. Em razão da importância que esse evento adquiriu ao longo dos anos, em 2009, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou o Dia Nacional da Marcha para Jesus, comemorado no período próximo ao feriado cristão Corpus Christ. Segundo material de websites, a primeira Marcha para Jesus em Pelotas ocorreu em 1996 e desde 2012, conforme a Lei nº 5.954, a marcha está no calendário oficial do município, estabelecendo a sua data para o terceiro sábado do mês de novembro. Assim, a Marcha para Jesus que acontece em Pelotas não segue a data estabelecida pela lei federal, a qual já ocorreu em outras cidades do país, mas na localidade ainda não. Deste modo, em razão da minha pesquisa estar dando seus primeiros passos e a Marcha para Jesus não ter ocorrido na cidade, não tenho dados empíricos do evento, apenas material recolhido nos websites, o que torna a pesquisa ainda muito superficial em relação a esta presença da marcha cristã para discorrer sobre a configuração do espaço público pelotense a partir desse movimento religioso cristão. No entanto, a Marcha contra a intolerância religiosa, a qual já participei de algumas em razão da minha pesquisa de mestrado sobre os impasses em relação à realização da Festa de Iemanjá (manifestação religiosa de matriz africana que ocorre há mais de sessenta anos), já aconteceu na cidade de Pelotas e o tema esteve relacionado a uma recente discussão de nível nacional: a proibição de sacrifícios de animais em rituais religiosos. Essa marcha eu tive a oportunidade de participar e pretendo dar mais ênfase para este movimento para refletir sobre a controvérsias da presença religiosa no espaço público pelotense.