Redes sociais da ABA:
GT 048. Novas perspectivas para o estudo das religiões de matriz africana nas Américas
Apresentação Oral em GT
Carlos Eduardo Martins Costa Medawar, Marco Antonio da Silva Mello
O Mercado Religioso em Cuba e no Brasil: Uma Reflexão sobre as Relações Econômicas e a estética ritual dos Cultos nas religiões Afro-Americanas
O candomblé sempre foi identificado como uma religião de cunho popular. Entretanto, por mais paradoxal que pareça, sempre se caracterizou como uma das religiões mais caras do Brasil. As mercadorias que compõem o “enxoval” do iniciado e que dispensam avultadas quantias, em seus sentidos específicos carregam um valor cultural tão grande quanto o financeiro. Elas, por si mesmas, refletem suas necessidades em termos de uso. Do uso que farão no processo ritual. E é exatamente a necessidade que se faz delas, que determinará o seu valor, pois, antes disso são apenas coisas. Os produtos e as relações de consumo estabelecidas, são expressões de todo esse complexo e é exatamente por isso que o mercado ganha força e expressão fundamental nesses cultos religiosos. Mais do que um aspecto a ser considerado no processo de compras que o indivíduo faz antes de sua iniciação, é ele fator constitutivo do próprio ritual. Essa experiência na relação entre as Religiões Afro-americanas, tão evidente no mercadão de Madureira no Rio de Janeiro, é reproduzida em outras praças de mercado, em regiões que se tornaram referências afro-diaspóricas no “novo mundo”, tais como em Salvador, na Feira de São Joaquim ou em Havana, no mercado conhecido como 4 Caminhos. Em todas elas torna-se evidente que o mercado, para além de sua função econômica, cumpre papel fundamental na constituição dos ritos e em suas inserções no mundo social.